Papai Benedito

Acho que não há um símbolo de Natal mais ridículo do que o Papai Noel, aquele lourão viking de barbas brancas gritando ho-ho-ho!, numa carruagem puxada por renas (por que não veados?), levando presentes para todas as crianças do mundo, exceto as pobres. Digo ridículob principalmente no Brasil, um país de negros, digo afrodescendentes, todos nós temos nas veias e na alma a negritude. Graças a Deus. Detestaria ser viking. Mais: aqui no nosso verão não temos aquele inverno no Natal. Esse símbolo foi uma aculturação ditada pelo mercado. Por quie não substituiram o viking por um São Benedito (o santo negro)? No Nordeste poderia ter tomado as feições de Gonzagão, no sul de Mussum. Por que não? Por que ser galegão?

Lembrem-se que Ariano Suassuna colocou na sua peça Auto da Compadecida um Cristo negro. Acertou a história sse passa no Nordeste.

Nunca assimilei o papai noel viking, desde criança. Menino eu odiava esse velho ridículo porque não levava presentes para meus amigos pobres.

Por fim eu acho que no Nordeste poderiam substituir a carruagem e as renas por um carro de bois ou uma carroça puxada por burros. Ficaria bem brasileiro.

Mas o mais ridícuo era a história que dizia que o papai noel entrava pelos bueiros das lareiras. Como se a casa dos pobres tivesse lareiras. Sou pelo Papai Noel Benedito, o Papai Noel Negão. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/12/2015
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