Natal

Chegamos ao Natal, ao velho e querido dia no qual todas as pessoas baixam suas guardas, reveem seus pontos de vista, amenizam seus critérios, e todos se juntam no mesmo propósito de se doar e de ajudar aos seus semelhantes.

E eu, por experiência própria, sei que uma Força Superior atua em todos nesta época do ano. Em mim, um sagitariano sonhador, atua me fazendo lembrar de minha infância. Vejo-me ainda com a minha bola vermelha, que a metade era verde, em 1940, com o nariz esborrachado na vidraça, pois chovia naquele Natal. De tanto segurar aquela bola, o gostoso cheiro de seu verniz ficou até hoje em mim. Podem acreditar: quem disser que saudade não tem cheiro nunca teve uma bola vermelha como aquela, que com 6 anos era meu presente, o único que o Papai Noel me trouxe.

Sabemos que a vida não está fácil para ninguém. Mas ao longo da minha vida recebi lições que foram se incorporando à minha formação humana. Eu nunca poderei me esquecer de um senhor que fazia das plataformas dos armazéns da ferrovia, sua casa. Era uma tarde de Natal, 15 horas. Eu voltava de mais uma viagem como maquinista da Cia Mogiana. Eu estava um pouco deprimido por não poder passar o Natal com a minha querida Lucy e meu querido Luciano, quando ao passar pelo armazém ouvi uma voz que me disse:

“Aonde você vai, meu filho, assim tão bravo?”

Ai eu olhei e era o velho senhor que morava ali nas plataformas. E ele continuou:

“Hoje é dia de Natal, vá encontrar sua família com alegria, seja a que horas for, mas vá com amor e lembre-se de mim, que não tenho casa, família, nada que possa chamar de meu. Mas nunca sou triste, e agradeço a Deus por estar aqui. Vá feliz!”

Confesso que fui embora um pouco envergonhado. Suas palavras calaram fundo. Pensava em tantas coisas negativas. No entanto não havia razão para isso quando tantos, como aquele senhor, conseguem extrair alegrias e felicidades de tão pouco.

Feliz Natal a todos.

Laércio
Enviado por Laércio em 22/12/2015
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