Lá vem mais um Natal...
Eis que mais um ano está findando, mais um Natal está chegando, quanta loucura não estar se propagando nos centros consumistas? Quantas lojas não estão abarrotadas com pessoas se endividando, saciando seus impulsos, vícios, vaidade? Quanto será gasto em presentes para se “mostrar” um carinho que não foi demonstrado durante todo o ano? O que para muitos é diversão, êxtase, prazer, para outros é um angústia, pois não conseguem atendem os anseios natalinos compulsivos por presentes caros e modernos. Esqueceu-se as brincadeiras, o gosto de reunir a família em torno de uma mesa farta, sem a correria do dia a dia, sem o estresse, só risadas e alegrias. O presente era o menos importante. No entanto, hoje é o único item importante do Natal. Um sentimento paradoxal tomou conta do simbolismo do Natal, que em sua concepção cristã original, traz apenas sentimentos bons, de renovação, esperança, principalmente pelo nascimento de Jesus. Contudo, as engrenagens do capitalismo conseguiu dissociar o Natal do seu objetivo primordial, uma união amorosa entre os indivíduos, para estimular uma distinção social promovida pelo consumismo. Um verdadeiro apartheid de quem pode comprar os presentes caros e os que não podem. O presente tornou-se uma obrigação de uma demonstração falha de afeto, constrangendo os pais e frustrando os filhos. As artimanhas criadas pela publicidade massificada associaram o bem material ao bem-querer e bem estar das famílias. A sociedade de consumo tem cada vez mais sua felicidade atrelada ao dinheiro, ao poder, às compras, a tudo o que é efêmero, material, sem sentido. É por isso que cada vez mais não há felicidade que se sustente, daí as pessoas sentirem o tão famoso vazio existencial. Porquanto, será que alguém já parou para pensar quantas pessoas são exploradas nas fábricas para dar conta da superprodução exigida pelo consumismo desenfreado das compras natalinas? Quantos vendedores são submetidos aos caprichos de um cumprimento de metas abusivas de vendas? Quantas pessoas estão desesperadas para darem conta da compra de tantos presentes? Qual a sensação de ser bombardeado por impulsos consumistas e não poder saciá-los? Quantos animais são mortos e quanta natureza é devastada para satisfazer seus desejos? Ao invés de estabelecer um modo de vida sustentável, o consumista soberano esquece de tudo isso e só pensa em satisfazer seus caprichos egoístas. Confesso que eu também não sou imune a esses desejos, ninguém é, mas se acomodar com essa constatação não nos levará a lugar algum. Portanto, nesse Natal que se aproxima, desejo que, as pessoas comprem menos e pensem mais. Que tenhamos mais sentimentos verdadeiros e singelos e menos materiais, que podem ser comprados por compra, sem um verdadeiro carinho. Que percamos menos tempo no shopping e passemos mais tempo com nossa família, entes queridos, amigos insubstituíveis. Que o Papai Noel venha para todos. Que Jesus nos renove a esperança em nossos corações. Que tenhamos mais reflexões, desejo de uma vida mais feliz, melhor, mais humana, menos angustiada, menos estressada, menos atrelada aos bens materiais e mais evoluída nos valores verdadeiros e sólidos.