PENSAR ALHEIO OU POR CONTA PRÓPRIO
Difícil para um ser humano compreender a que veio. Quando criança, aprende com quem já sabe, na adolescência, finge que não aprendeu e guarda os ensinamentos para a fase adulta. O mundo do pensar do homem revela o que para nós mesmos? Estudo, leio e reescrevo o mundo pelo ângulo em que acredito ser o verdadeiro, mas outras formas de compreender esse mundo afloram, o que me deixa dúvida sobre aquilo em que acredito. O que devo assumir como o ideal? Não sei. Tenho uma imensa vontade de saber e busco incessantemente o que é o melhor para mim mesmo, mas como está difícil nesse mundo de hoje saber sobre meu eu de estar no mundo. Muitos dizem que não têm religião, outros dizem que não têm paz e outros ainda relatam que são vítimas de um sistema que aboliu o pensamento em prol da leitura alheia. Devo ser um super-herói da autossuperação de Nietzsche ou a negação da destruição pessimista de Schopenhauer? Mas o interessante é que o primeiro é um grande leitor do segundo, a ponto de ser reconhecido como discípulo. É fato que a vida sem filosofia termina em suicídio e pensar se torna ação prazerosa, quando nos momentos de dificuldade em compreender a que viemos, eis que do pensar surge uma luz. Pensar pelas cabeças alheias, como disse Schopenhauer, transformam as pessoas em filósofos das ideias dos livros, porém pensar por si demonstra maturidade sobre a ideia de estar no mundo. A transformação do ser em humano demanda, em minha opinião, uma educação do pensar, mas do pensar pela própria cabeça. Daí, em que mundo viveremos quando todos pensarão por conta própria? É comum ouvir que o pensar por conta própria transforma o ser em egoísta e autoritário defensor da sua razão, mesmo em momentos de erro. Esse é o humano contaminado pela ideia do saber que vem das suas inúmeras leituras e que considera todos os outros seres iletrados. O ser que pensa por conta própria não se diz o melhor até porque ao pensar cria uma ideia nova sobre as coisas, diferente do humano letrado, que sobre a ideia recria o que já existe e luta com os outros humanos para sobrepor sua verdade. A educação do pensar por si mesmo liberta o ser em direção ao humano, transformando-o em ser humano. O ser humano que, um dia, libertar-se da ideia alheia e construir sua própria ideia do propósito de estar no mundo, sofrerá perseguições, não terá vez nas discussões e será abominado pela sua ideia do pensar. Compensado será esse mesmo ser humano pela sua criatividade, pela sua liberdade e, principalmente, pela sua capacidade de organizar suas ideias frente aos seus desafios. Disse Schopenhauer “melhor aqueles que têm pouca leitura e biblioteca pequena, porém pensada.”