Um pensamento de Natal

Quando Cristo se fez carne e veio habitar entre nós não encontrou hospedaria para recebê-Lo. Assim também nossos corações diversas vezes se encontram fechados a Ele quando vem ao nosso encontro. Não somente fechados porque frios, mas também porque cheios, cheios de coisas alheias a Ele e à Sua bondade infinita. Ele, então, procurou uma manjedoura, isto é, os corações simples e despojados – talvez precisemos ser mais como Marias e menos como Martas.

É mister, portanto, esvaziarmo-nos de nós mesmos para que possamos recebê-Lo em plenitude em nossos corações. São João da Cruz nos diz que a alma apegada aos prazerezinhos e gostos (e, naturalmente, ainda mais, aos pecados) é como um espelho embaçado ou manchado que é incapaz de refletir em todo o seu brilho e plenitude os raios de sol que incidem sobre ele. Nossa alma é incapaz de realizar a união com Deus se nos apegamos às criaturas e não ao Criador.

Que neste Natal tenhamos essas coisas em mente e possamos contemplar a grandeza d'Ele na humildade de vir ao mundo numa manjedoura, na humildade de fazer-Se uma reles criatura, na humildade de submeter-Se à obediência de uma família e o Seu inigualável e inextinguível amor por nós, o mesmo que O levou a morrer na cruz.

Natal não é sobre presentes, um velhinho vestido de vermelho, nem mesmo sobre comida farta. É sobre família e a Família de Nazaré, na qual todas se devem espelhar. É sobre o maior dos milagres da humanidade – Deus fazendo-se homem para fazer o homem Deus.