VENENO que mata e faz viver
Venenos...
Se existisse ao menos uma fagulha de certeza que repousasse na máxima de que venenos podem ser inofensivos ao ser humano, garanto, boas doses seriam usufruídas. Como acalmar o que mata? Como fazer do que mata a tua salvação? Como morrer em êxtase de veneno pode ser tão bom? Será isso que nos mantém vivos, o mesmo que nos mata? Repousar no gosto amargo que vira doce quando sai do frasco do veneno que mais nos atrai, que mais nos fascina, que mais alivia o coração, ao mesmo passo que corta e desfaz, que dilacera e faz doer. Esse veneno que corta e cura, que acelera o coração ao mesmo tempo que o faz parar, o veneno que toma conta do teu corpo, domina teus pensamentos,guia tuas mãos e tua boca, bloqueia teu pensamento futuro, e deixa marcas que vão alem do sono, vão alem dos fins de semana, vão alem de qualquer antídoto chamado vida real, chamado depois.
Veneno, esse teu doce amargo, esse teu cinismo de um agora e nada mais. Se tu soubesse o bem mal que faz, com certeza tuas doses seriam maiores. Afinal, tua grande finalidade é essa, acabar com o que faz mal parecendo ser o bem de quem busca acabar com o mal, o problema, você é dose certeira, e as vezes o mal é o que faz bem.
Veneno você se instala de uma vez. Uma vez tomado e pronto, não adianta correr. Você bloqueia os movimentos, você os ascende, você parece prender o agora em um período chamado nunca. Ou agora ou nunca mais, e quando se da conta vê que o nunca mais não da pra voltar atrás, e voltar atrás pra que ? Ta feito!
Talvez esse veneno que mata é o mesmo que ensina viver, ele ensina porque uma vez tomado ainda da tempo de viver, há segundos, há minutos antes de morrer, e se pode sim viver nesse período de tempo, viver como nunca se viveu entes, há tempo, há tempo de olhar nos olhos e dizer que esperou por tudo, há tempo de segurar o rosto e dizer me beija pois não há mais tempo. O veneno mata menos que uma bala, ela é rápida de mais pra ensinar viver.
O gosto amargo do veneno que pode sair da tua boca, das tuas palavras, dos teus jeitos, o gosto amargo que pode sair dos teus olhos, um gosto irremediável que cura e mata, que vira labirinto e mesmo assim aponta uma saída.
Um veneno chamado vida, que se resume em agora ou nunca mais!
“A gente é feito pra acabar”