O ultimo Zé ninguém - "os outros"

...Zé caminhava e tropeçava, cambaleando se encostou na coluna de um viaduto, já estava a 3 dias sem se alimentar e mau lembrava do gosto da água ou qualquer outro tipo de líquido que fosse, andou tantos quilômetros que já nem saberia mais dizer que direção estava, tentou puxar na memoria as aulas de geografia, pontos cardeais e coisas do tipo, mas pra ele isso não importava mais, tudo o que um dia dava-lhe sentido a vida, se perdeu no passado, sua mãe, seus poucos amigos, sua namoradinha de colégio, todos já não existem mais. Então deitado já acreditando que em poucos dias haveria de morrer também, escultou um som que vinha de uma lata de lixo tombada logo a frente, foi então que o susto e a euforia lhe acertaram como uma bala, um pequeno cão da lata de lixo saiu, a tanto tempo não via um cachorro que de imediato ficou atônito, em seguida, chamou - Cãozinho! Cão, aqui, aqui cãozinho!. Por alguns poucos minutos o cachorro avistou aquele ser esguio, alto, barba preta feito carvão emendando com o cabelo encaracolado. O cão ameaçou fugir. com um tipo de pulo Zé levantou-se e seguiu em direção ao animal bem devagarinho pra não assusta-lo. O cachorrinho que lembrava um pastor alemão em menor escala colocou o rabo entre as pernas e foi se afastando em trotes rápidos, Zé pôs-se a correr já meio angustiado devido as dores nos seus pés, saia mancando, gritando pro cachorro não fugir, é quando o rosto do rapaz se torna branco como a neve, Zé se torna um ser paralisado, ao lado do cão a figura de um homem, alto de pele negra cabelos e barba brancos como algodão, roupas sujas tipicas de um mundo pós-apocalipse, e um sorriso largo nos dentes.

O homem grita com uma voz rouca e imponente - EI VOCÊ? É! VOCÊ MESMO TUDO BEM AI? PRECISA DE AJUDA?. Por longos 2 minutos o silêncio pairou naquela cena de fim de mundo, até o rapaz resolver falar - Oi de-desculpa não quis assustar seu cão senhor! - Não se vê muitos de nós por essas bandas rapaz! está sozinho? De onde você está vindo? como sobreviveu?. A coleção de perguntas do velho caia como bombas na cabeça do jovem, ele respirou fundo e respondeu todas: - Sim senhor estou sozinho, e a muito tempo não vejo gente alguma, pelo menos viva, acreditei que fosse o ultima dessa terra morta. Respirou mais devagar e continuou - Estou vindo do sul, por lá está tudo destruído e não, não faço a menor ideia de como ainda estou vivo, infelizmente!. Ambos retornaram ao silêncio... - Bem pelo jeito você se enganou, não é o único neste mundo esquecido por Deus, como se chama rapaz?. Zé, pode me chamar de Zé!. - Bem, olá Zé me chamo Bastião. - Ande se aproxima rapaz eu e meu cão não vamos lhe morder!. falou Bastião seguido de uma risada estrondosa e vulgar que chegou a assustar o magro Zé. Em marcha lenta o trio foi se aproximando e Bastião com um aperto de mão disse para Zé o nome de seu cãozinho,Tico, ele se chama Tico e é um ótimo caçador de ratos. Bastião notou a expressão cansada e os pés descalços e em frangalhos do garoto e exclamou. - Ei chapa vamos, entre, o barraco é apertado mas cabe mais um, está com fome? Maria coloca mais água no feijão temos visita!. De dentro do pequeno prédio destruído com lonas e plásticos trançados parecendo um pequeno circo eis que surge uma senhora magricela, com um vestido feito de todo tipo de tecido imaginável, branca, cabelo grisalho e cara de poucos amigos, e senhora exclama - Minha nossa quem é esse mendigo?! Aposto que deve estar acompanhando do bando la de baixo!. - Calma mulher! Exclamou o velho. - Esse é só um pobre coitado sobrevivente! Ele deve estar faminto, ande sirva algo pra ele, o Zé aqui deve ter muita historia pra contar não é mesmo Zé?

Zé estava em estado de choque, a fome, a sede, as dores no pé, o cão, o homem, a velha, tudo aos mesmo tempo foi como um delírio e se isso ainda não bastasse, um quinto participante apareceu, quase que do nada, um não, UMA, e a visão daquela moça que acabara de aparecer, fez o ultimo Zé ninguém sentir um doce amargo, alegre e triste romper no seu coração, e nada mais seria como antes e ele sabia disso...