Férias!! Já? Ah, Não!!
"O repouso é uma boa coisa mas o tédio é seu irmão."
Voltaire
Voltaire
Na mesa ao lado, Aline atende ao telefone e, pede, pela quinta vez, hoje:
- Não, bebê, não briga com sua irmã. Brinca direitinho com ela. Você é mais velho, tem que dar exemplo.
Ela desliga, olha pra mim desanimada e vai dizer alguma coisa, quando somos interrompidas por uma voz estridente vinda do corredor e chamando "Mãe? Mãe? Mãe?". É o filho de outra colega, que o trouxe para o trabalho porque não tem com quem deixá-lo no período em que ele estaria na escola.
- É... Começaram as férias escolares... - Aline suspira.
Eu já havia percebido, mas só pelo lado bom. Esse período, para mim, só tem vantagens. O povo viajando, o trânsito melhora muito, estacionamentos e estabelecimentos não comerciais têm vagas de sobra... Uma beleza!
Mas, para quem trabalha e tem filhos, este período dá uma chacoalhada na rotina que justificaria uma folga para os pais, tão logo terminasse. O ideal seria mesmo saírem todos juntos, mas isso nem sempre possível e, aí, dá-lhe colônia de férias ou outros subterfúgios para manter a sanidade de uns e outros até o retorno das aulas.
Mesmo para quem tem quem cuide da garotada, muitos assuntos parecerão importantes e sérios demais aos pequenos para serem tratados por procuração e o telefone torna-se o brinquedo preferido deles.
Ligarão para se queixar da babá, do irmão, do tédio; compartilharão as angústias e esperanças do personagem favorito do desenho animado; farão o pai e a mãe seus confidentes ou consultores 24 horas.
E, sim. Brigarão muito! Diz-se que o ócio é campo fértil para a criatividade. Pois eles criarão os mais variados modos de se atazanarem mutuamente, até que um apele para instância superior.
Daí, meus cães, que estavam em paz há meses, pegaram-se duas vezes só nesta semana, felizmente sem maior gravidade.
Considerando que eles não estudam, o que explicaria essa belicosidade repentina, no mesmo período em que Aline tenta, por telefone, um armistício entre as crias em casa? Coincidência? ou será que eles sentem essa energia na vizinhança e ficam mais agressivos também?
Sei não. Deve ser só coisa de irmão.
Mas, ficarei enrolada se eles aprenderem a usar o telefone.
Texto publicado na edição de hoje do jornal Alô Brasília.
- Não, bebê, não briga com sua irmã. Brinca direitinho com ela. Você é mais velho, tem que dar exemplo.
Ela desliga, olha pra mim desanimada e vai dizer alguma coisa, quando somos interrompidas por uma voz estridente vinda do corredor e chamando "Mãe? Mãe? Mãe?". É o filho de outra colega, que o trouxe para o trabalho porque não tem com quem deixá-lo no período em que ele estaria na escola.
- É... Começaram as férias escolares... - Aline suspira.
Eu já havia percebido, mas só pelo lado bom. Esse período, para mim, só tem vantagens. O povo viajando, o trânsito melhora muito, estacionamentos e estabelecimentos não comerciais têm vagas de sobra... Uma beleza!
Mas, para quem trabalha e tem filhos, este período dá uma chacoalhada na rotina que justificaria uma folga para os pais, tão logo terminasse. O ideal seria mesmo saírem todos juntos, mas isso nem sempre possível e, aí, dá-lhe colônia de férias ou outros subterfúgios para manter a sanidade de uns e outros até o retorno das aulas.
Mesmo para quem tem quem cuide da garotada, muitos assuntos parecerão importantes e sérios demais aos pequenos para serem tratados por procuração e o telefone torna-se o brinquedo preferido deles.
Ligarão para se queixar da babá, do irmão, do tédio; compartilharão as angústias e esperanças do personagem favorito do desenho animado; farão o pai e a mãe seus confidentes ou consultores 24 horas.
E, sim. Brigarão muito! Diz-se que o ócio é campo fértil para a criatividade. Pois eles criarão os mais variados modos de se atazanarem mutuamente, até que um apele para instância superior.
Daí, meus cães, que estavam em paz há meses, pegaram-se duas vezes só nesta semana, felizmente sem maior gravidade.
Considerando que eles não estudam, o que explicaria essa belicosidade repentina, no mesmo período em que Aline tenta, por telefone, um armistício entre as crias em casa? Coincidência? ou será que eles sentem essa energia na vizinhança e ficam mais agressivos também?
Sei não. Deve ser só coisa de irmão.
Mas, ficarei enrolada se eles aprenderem a usar o telefone.
Texto publicado na edição de hoje do jornal Alô Brasília.