Memórias na gaveta
Certa vez ouvi que algumas memórias são aqueles bilhetinhos que não servem pra nada, mas insistimos em guardar. Por vezes seria mais fácil desfazer-se do lixo sentimental e de toda carga emocional que carregam consigo. Porém me vejo como uma acumuladora, daquele tipo que guarda tudo isso que não tem mais serventia.
O fato é que a gente sempre pensa que tudo pode ser reaproveitado, reusado ou reutilizado. Mas as vezes não; certas coisas são impossíveis de o fazer.
Me disseram também que lembramos o que queremos lembrar e esquecemos o que queremos esquecer e depois disso fiquei me perguntando, procurando dentro de mim mesma, se para mim isso é verdade. Nenhuma verdade é irrefutável, mas para este momento penso que eu seja realmente colecionadora dos bilhetinhos. Não consigo me desfazer. Pelo menos não agora.
Minha gaveta está cheia deles e por vezes me deparo com o móvel, abro a gaveta e vou relendo-os um por um (por isso rio ou converso tanto sozinha). É tão bom lembrá-los! Ao mesmo tempo, para que guardá-los?
Alguns muitas vezes parecem que serão eternos naquela gaveta, graças ao meu incrível poder de acumulação. Outros, com facilidade consegui me desfazer. Porquê fazer esta seleção do que será descartado ou não, parece tão complicado?
A resposta para esta pergunta foi descartada em meio à bilhetes sem importância. Então, eu não me lembro.