Eis a época do apedeuta!
Eis a época do apedeuta!
Eis a época da opinião (senso comum), da baixa informatividade e baseado, apenas, em fatos observáveis. Todos são “sabedores” de algo; deblateram com “profundidade” – se é que ficar na poeira da ideologia das palavras é ser profundo.
Na construção das ideias, percebe-se, claramente, a violência discursiva e a falta de argumentos, por conseguinte, nota-se o vazio preenchido por léxicos recolhidos, de qualquer maneira, no eixo paradigmático e organizados no eixo sintagmático, ao bel prazer, para inverter semânticas e responder ao seu julgo – que quer caminhar para o jugo.
Eis o tempo da revolta, do desabafo individual disfarçado de preocupação coletiva. De textos em primeira pessoa, de juízo de valor, de reflexões de cozinha (...) tempo do néscio e do parlapatão; tempo sem tempo para a poesia de Fernando Pessoa.
Eis a metafísica novamente permeando.
Chegou o tempo do medo: medo de quem é desonesto intelectual; medo do medo das ideologias disseminadas; medo de frases compradas à prestação; medo de “eu acho” e “na minha opinião”; medo de toda imbecilidade discursiva; medo das inversões semânticas; medo do empregado-patrão-empregado ressentido; medo da coragem que se acovardou (... )
Eis a época do petardo! Eis a época do apedeuta!
Quem tem opinião para dar, expresse-se! Quem não tem o que falar; fale!
... e tudo termina em conversa de cozinha!