Andanças
Andei me perdendo de mim;
E andei pelas ruas sozinha de ti.
Andei perguntando ao vento sobre o teu paradeiro,
sobre onde ou como ou quando eu devia parar...
Andei procurando respostas que nunca vieram, nem nunca encontrei...
Andei desabafando com os bêbados nas ruas, e com as pedras, e com as folhas, e com as árvores, e com as flores a minha dor...
Andei trocando caricias erradas, buscando carinhos sem encontrar nada...
Andei projetando no teto dos sonhos da minha memória as nossas histórias, já tão envelhecidas, cheirando a mofo, cheirando a vinho manchando a camisa branca - despida de ti...
Andei confundindo afetos e colecionando carências...
Andei contagiando as gentes com as minhas lágrimas e minhas lamúrias...
Andei sendo digno de pena e de compaixão...
E nessas andanças permaneci indigno de afeto, continuei indigno de amor.
E nessas andanças e por esses tropeços, andei caindo em mim pra poder reerguer o resto de um corpo jogado ao chão.
Andei reinventando a paisagem e enxergando novos caminhos e aprendendo novas formas de andar.
E quer mesmo saber...???
Andei confundindo conto com crônica, crônica com poesia, poesia com falação, maledicência com verdade, contato com coração.
Andei colocando vírgula no lugar errado, ponto no meio da frase e reticência onde não era continuação.
E, tanto faz! Porque nessas idas e vindas da vida, eu andei mesmo é aprendendo algumas poucas e boas coisas por aí.