O ultimo Zé ninguém

Em um simples banco de madeira e ferro deteriorados pelo tempo, abandonado pela vida, havia um homem, olhando fixamente para a praça a sua frente, ou o'que restava dela, árvores mortas, petrificadas pela solidão, uma calçada destruída e dois pares de pernas que outrora foram de duas estatuas imponentes, ao redor o silêncio total, prédios destruídos, carros enferrujados, tempo frio e cinza. Ao alcance dos olhos do homem sentando no banco da praça, apenas um quarteto de baratas devorando um cadáver que um dia foi de alguma ave, um pombo talvez, assim divagou ele. Ao redor o fim de tudo, tudo aquilo que ele conheceu, virou pó ou ruínas, a morte da humanidade acelerou o galope em seu cavalo preto, afinal depois de 3 guerras totais e duas pestes globais, o que haveria de acontecer, certo?. Apenas ele a solidão e as quatro baratas restaram neste mundo, morrer não era a solução, a curto prazo, ele não gostaria de ter a infeliz surpresa de quem sabe do outro lado, os mesmo que morreram aqui estivessem o esperando lá. Como a humanidade chegou a esse fim? Como ainda estou vivo? ele pensou. Seria um destino obvio?

O homem pegou sua mochila surrada, abriu, pegou a ultima lata de sardinha que não estava vencida, ao come-lá, lembrou o porque de ainda terem tantas dessas jogadas por aí. Pra ele o calendário pra definir as rotinas não existia mais, os rumos a seguir, trajetos a percorrer, oportunidade de negócios, agendas, metas, produção não lhe fariam o menor sentido, apenas comer, beber, dormir e em ultimo caso se esconder. Já em um prédio abandonado noite lhe caiu, então acendeu uma vela uma certa distancia segura, e sobre pilhas de jornais que narravam antigas fatalidades do cotidiano da época, adormeceu.

No outro dia o Sol não brilhava, era só mais um dia cinzento e um frio ameno, abriu a sua garrafa de uísque e uma lata de pate de figado , era esse seu café da manhã, e mais um dia na vida do ultimo Zé ninguém da Terra se iniciava, acompanhado das quatro baratas ele seguiria rumo a esse novo mundo que lhe espera...