"ASSIM CAMINHA" A SOCIEDADE!

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“Ainda vai levar um tempo/Pra fechar/O que feriu por dentro/Natural que seja assim/Tanto pra você/Quanto pra mim (…) Ainda leva uma cara/Pra gente poder dar risada/Assim caminha a humanidade“ (Lulu Santos)

“Nem esquerda; nem direita, pra frente!”.

Faço uso de versos da música “Assim caminha a humanidade”, de Lulu Santos porque retratam a clara divisão que se vive na sociedade política brasileira: ima parte é contra e outra é a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e a perda do mandato do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. Em outra ponta do Brasil, o prefeito Odenilson Magalhães, do município amazonense de Beruri, de pouco mais de 15 mil habitantes, afastado por corrupção por 180 pelo juiz da comarca. Parte da população foi às ruas protestar contra seu retorno ao cargo. Ele havia conseguido uma liminar da Justiça e a Câmara Municipal confirmou seu afastamento e abriu uma CPI. Ele não reassumiu.

A frase que me chamou a atenção na passeata, “nem esquerda; nem direita, pra frente” e apareceu em uma cartolina era pequena e se perdia entre tantas outras faixas maiores usadas por parte da população do município no protestava. Naquele momento, confesso que senti saudades e um pouco de nostalgia da época em que havia clara oposição e situação no Brasil, ou direita e esquerda. A direita, a Arena apoiava o Governo Militar. O MDB era contra o Regime Militar de 64. Naquela época de oposição e situação, os políticos eram bem escolhidos, tinham o poder de oratória. Entretanto eram proibidos de fazer quase tudo: as propagandas na TV se limitavam à a foto do candidato e resumindo seu trabalho, quem ele fora, o que fizeram e o que se propunham a fazer se fossem eleitos e depois, aos inflamados discursos em plenário. A oposição foi crescendo e incomodando o Regime Militar porque os candidatos usavam muito bem o dom da oratória e, possuíam discursos e trabalhos para continuavam se elegendo e reelegendo seguidamente.

Só como ilustração do que era oposição e situação e a importância ideológica que essa definição possuía naquela época, um político campeão de votos como deputado federal pela oposição Joel Ferreira da Silva, trocou de partido, disputou novo mandato pela ARENA e perdeu a eleição. Dizem que teria feito um acordo com o ex-governador José Lindoso para que seu irmão, o juiz Joel Ferreira da Silva, se tornasse desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas, em lista tríplice, com outros juízes e não foi indicado para o cargo. Com o crescimento ideológico da oposição clara e bem definida da época, o Governo Militar de João Figueiredo, mesmo enfrentando a oposição nos quartéis, decidiu promover a abertura política “lenta, gradual e firme”, mesmo com bomba explodindo quase diariamente em algum lugar, inclusive na sede do Conselho Federal da OAB e o atentado que ocorreria no Rio Centro, por ocasião das comemorações do Dia do Trabalhador. Felizmente matou só o militar designado para promover o atentado e foi creditado à oposição da época. Com a conclusão da abertura política, políticos que viviam no exterior e outros que se mudaram e foram viver em diversos outros países, principalmente quando, o presidente Ernesto Geisel. Ele criou slogan “Brasil, ame ou deixe-o”. Esse período foi chamado de “Anos de Chumbo” e muitos políticos da oposição foram deportados ou deixaram o país. Outros decidiram permanecer e lutar pela volta do regime democrático ao Brasil e conseguiram. Contudo, a abertura política ocorreu com bombas que explodiram em bancas de jornais e revistas, sem consequências graves, mas sempre atribuídas ao pessoal de esquerda que lutava contra o rigor da censura militar imposta à sociedade. O momento atual da política brasileira, sem qualquer ideologia de esquerda ou de direita, é tudo junto e misturado como disse o ex-governador do Amazonas, Paulo Pinto Nery, em 1982 que aconteceria.

Dos 37 partidos atuais com registros no TSE, dizendo que representariam milhões de eleitores, além de seus interesses, hoje fazem coligações de poder e não ideológicas, como já ocorrera no passado. Esse é também resultado de um fenômeno social. Os partidos políticos ficaram pobres, não se renovam e não surgem novas lideranças. Só que todos eles estão divididos contra e a favor do impeachment de Dilma e a cassação do mandato do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. Cunha que conseguiu mais uma vez manobrar e adiar o processo dele, por diversas vezes e a Comissão de Ética que se transformou em um octódromo de MMA, com socos e xingamentos imorais. Teve de tudo na reunião; menos ética e muito menos respeito entre os deputados presentes, muitos deles, investigados pelo STF.

Quando as coisas ruins passam a ser percebidas como normais e naturais dentro da sociedade, é o fim moral de toda a estrutura de indignação dessa mesma sociedade apática. Isso se refletiu na fraca passeata que pedia o impeachment da presidente Dilma, apoio à continuidade das investigações do escândalo de corrupção na Petrobras, conduzidas pelo juiz federal paranaense Sérgio Moro, severidade, condenando a quem deve condenar e absolvendo a que lhes faltam provas nos autos para condená-los. O ministro Teori Zavaschi autorizou a busca em casa de políticos do PMDB e vários ministros, inclusive nos endereços usados politicamente por Eduardo Cunha. E assim, caminha a sociedade podre caminha sem modelos ético, moral, social, estrutural, dividida em cotas e bolsas raciais. Nesse meio de campo embolado do jogo político, a ONU divulgou o Índice de Desenvolvimento Humano o Brasil melhorou em alguns aspectos e piorou no da Educação. Melhorou pela criação dos Programas de Transferências de renda iniciada no Governo Lula e piorou porque a Educação permanece sendo contada por quantidade e não qualidade de ensino que alunos recebem em sala!

Com relação à manifestação contra o prefeito Odenilson Magalhães, afastado por corrupção e, com liminar da Justiça para reassumir o cargo, a Câmara Municipal, composta por 9 vereadores dos quais confirmou seu afastamento e decidiu abrir uma CPI para investigar as corrupções. Um vereador deixou de comparecer à sessão da Câmara e não deu nenhuma justificativa e assim caminha a sociedade individualista e sem compromisso com o coletivo, infelizmente.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 15/12/2015
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