Aconteceu numa praia do Rio de Janeiro
Aconteceu numa praia do Rio de Janeiro
2016
A multidão se concentrava aos milhões para festejar a entrada de mais um ano Novo.
Ao final da comemoração, muita latinha de cerveja estava abandonada. Muita flor murcha tinha sido devolvida pela rainha do mar. Poluição, lixo, gente dormindo ao sol nas areias, nos cantos do calçadão.
Vinte anos depois.
2036
A multidão se concentrava aos milhões para coletar amostras da água, e analisar com seus próprios kits portáteis, para saber os níveis de despoluição atingidos.
As latinhas de cerveja tão usadas no passado eram desnecessárias. O povo evoluiu e aboliu a cerveja, não enferrujava, mas ficou cara para os bolsos brasileiros, furados pela eterna inflação.
2056
Na virada do ano, a população aos milhões dizia NÃO a proibição. Sofreram tantas proibições, sacrificaram-se tantas vezes em vão. Acabou a pelada, o vôlei, passeios com cães, vendedores ambulantes, o sol destruía tecidos e sonhos, poluição, sem falar das lindas musas que outrora foram inspiração. Curvas? Restava observar ao longe o desenho deixado pelas ondas ao beijar a areia.
Fim de 2015, Regina acorda de seu pesadelo, na manhã carente de Segunda-feira. Enfim, ainda podia caminhar pelo calçadão, ver os garis incansáveis limpar o que sobrou de mais uma passeata inútil, e torcer para na próxima vez ao tentar o titulo de Rainha do Mar, não cair numa gelada.
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