Bonequinha de Natal

A menininha me falou assim: quer ver minha bonequinha? Eu falei que queria... ela veio feliz e me mostrou uma boneca sem braços nem pernas e com os cabelos tosados... Mordi a língua para não demonstrar, a emoção tão triste que senti. Mas pior... pior mesmo, foi outra meninazinha, sem um dos braços, com seu brinquedo imaginário, movendo a mão esquerda (imaginária) improvisando...

Ás vezes a vida é triste mesmo... não é fácil... mas ainda é um dom de Deus e merece ser vivida, mesmo à despeito de tanta fragilidade... (Ou seja prefira e esteja ao lado da vida... vida em abundância...)

No Orfanato Casa das Meninas... e na Cidade dos Meninos... temos exemplos de sonhos, de crianças abandonadas... que merecem atenção e carinho...

Admiro também, a doçura da linda criancinha meiga que está cada manhã que passo por aquela rua, sentada numa cadeira de lanchonete no meio da calçada, degustando bolo e pão de queijo e sempre um suco natural de alguma fruta da época (notei que as cores do suco mudam... ou seja, a matéria-prima sempre é diferente... potencializando vitaminas e sais minerais importantes, variando, para a criancinha gostar sempre e sempre e satisfazer seu apetite e sede, alimentando bem as células do corpo). Sua mãe ao lado sempre a sorrir... parte em pedacinhos pequenos seu pão de queijo ou bolo, de modo que fique mais fácil para ela ir comendo as migalhas, como os passarinhos fazem...

Ela tem uns cabelos com cachinhos muito lindos... clarinhos... e seu sorriso é meigo e enternecedor...

Na segunda vez que passei por ali, não resisti e fui fazer um carinho... a cumprimentei e foi então que vi que não tinha um bracinho: o esquerdo... mas sorria com a delícia do pão de queijo mineiro caseiro... e sorriu de forma educada e meiga e linda pra mim, tornando meu dia mais feliz, logo de manhã cedinho...

Nasci para ser pai. Há tempos observo isto... por isto fui e sou professor e pastor boa parte da vida... entre uma e outra ocupação que redescubro nos livros e na vida real ou imaginária... amo mudar de ramo... mas minha essência sempre permanece a mesma... rs s.

Na terceira vez, não resisti novamente. Parei e cumprimentei a mãe... perguntei o nome... e fiz minha bênção característica, movendo meu polegar sobre sua testa, como ocorre nos batizados infantis de algumas denominações e igrejas... invocando a Deus em oração uma bênção para aquela criaturinha meiga e bela... livre como um beija-flor... como um canarinho belga... ou como as flores primaveris silvestre, belas, multicores... borboletas multicoloridas e em festa, no campo, pomar ou na floresta...

Como não reparar em tanta doçura? Na segunda vez que a vi e dei uma meia-paradinha (quem joga futebol, entende... rs s) para cumprimentar, eu estava de óculos escuros, pois gosto agora de usar (antes o óculos ficava apenas dependurado... como que substituindo a gravata que tanto amei usar e uso... rs s) e isto me salvou, pois a comoção em meus olhos, ficou restrita a mim mesmo...

Ganhei este óculos quando fui pela 1ª vez aos EUA e umas mocinhas e senhoras travaram conversas com aquele jovem de uniforme verde e preto e branco (Alô torcida do América MG... depois usei uma farda Azul Celeste... rs s) com inglês ainda de iniciante... que operava as máquinas de cortar grama com simetria e singularidade e eficácia... Assim, na hora, demonstraram seu afeto e admiração pelo País do Futebol e me deram este óculos, que faz parte da minha coleção (para nós homens, três óculos configura-se numa coleção... rs s).

Na ocasião que parei pela 1ª vez a fim de efetuar contacto e ser gentil e amigável, percebi que ela não tinha o bracinho esquerdo... e isto me comoveu... e meu rosto não denunciou nadinha... apesar de meus olhos mostrarem espanto e em seguida, como um raio, meu cérebro passou a fazer vários questionamentos sobre a vida e sobre a rudeza que ela nos traz, junto com afagos e leves prazeres...

(E você aí, reclamando de sua vidinha imprestável... Pois é... Olhai para aquela menina e o modo como nós Seres Humanos sempre damos um jeitinho de nos adaptarmos... esquecendo nossas mazelas e dores...)

Vou vê-la novamente... eu sei... e para isto prepararei meu melhor sorriso cativante... pois sei que ela estará ali... estrela, diamante... coisa mais meiga e bela da face da Terra... uma criança feliz sorrindo e desfrutando das migalhas boas que a vida nos oferece... sem preocupações extras... (Oh! Idade adulta que virá um dia, trazendo inquietações e questionamentos graves, luta pela sobrevivência, traumas, etc.)

Confesso que na outra semana (sempre passo ali uma ou duas vezes na semana, a caminho da casa de meu pai...) eu mudei de calçada... pois ainda não conseguira digerir tudo o que ocorrera... pois sou assim (somos assim...) e às vezes leva tempo para processarmos o que vemos e temos em mãos...

Mas agora estou pronto... vou voltar ali nesta quarta-feira cedo... e se estiver realmente preparado novamente, cumprimentarei... e tentarei não cometer a gafe de acenar com a mão... pois como ela certamente estará ocupada com a mão direita pegando o pão de queijo ou pedacinho de bolo delicioso... poderá usar a mão inexistente para me cumprimentar... e isto só ela saberá... (pelo sorriso, dá pra ver que está tudo ótimo... que a comidinha é boa... e sempre é esta impresão que a criancinha e sua devotada e carinhosa mãe me passam... rs s)

Se eu acenar, ela automaticamente poderá acenar com o bracinho esquerdo (não existe) por seu um mecanismo natural do cérebro, que faz com que o bracinho manifeste-se com dores e automatismos, mesmo não existindo... ou acenar com o pão de queijo... o que me despertaria a vontade de experimentar... e aí, adeus regime... rs s.

Antes de sentir pena, sinto amor por aquela criaturinha... e o fato de fazer algum carinho em seu rostinho, afagar sua cabecinha... tocar seus cachinhos... (mineiro vê com as mãos – diz o velho ditado célebre... rs s) dirigir-lhe elogios sinceros para obter seu mais lindo e maravilhoso sorriso... me lembra que ela precisará disso para sua auto-estima... precisará saber que é amada incondicionalmente...

Linda criaturinha, que como os passarinhos na calçada, come suas migalhinhas de felicidade... distribuindo meigos e afáveis sorrisos... se um dia ler isto aqui... lembre-se que você é cativante e inspira sentimentos meigos em nós que passamos por aquela calçada... você torna nossos dias mais felizes... e na pressa do dia a dia, quantos sequer observam que você não tem um bracinho? Uma coisa é certa, pois não somos cegos... todos que a veem passam a ver a vida sob outra óptica... achando que a vida pode mesmo ser maravilhosa...

Menininha linda de vestidinho colorido... S-O-R-R-I-A sempre... Como a primavera entreabre as pétalas das flores multicores... pois seu sorriso afaga... como um bom e meigo e amigo vendaval, que varre lentamente as folhas das árvores e forma cristais de sonho... no sol fraquinho cedinho de manhã... quando em contacto com o orvalho e o néctar das flores... Há música em seus lábios cada aurora... Ah! Um beijo de quem ama o seu bom dia!

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MSCF - GV (Vila Isa) MG.

December 14th, 2015. 11:11h

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Se copiar e usar este texto, Você deve citar a autoria de

MÁRCIO SÉRGIO CASSIANO DE FREITAS e a fonte

( livro inédito = "Crônicas Vivas e intempestivas" )

( Se usar e divulgar, cite o Autor MSCF e a Fonte = O Livro )

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