Paz: busca incessante
Por: EstherRogessi *
Há homens que foram eternizados por atos praticados ao longo de suas vidas, outros, por ações momentâneas; homens aparentemente frágeis, trazendo em si , uma fortaleza ímpar. Quase sempre silenciosos, mas com sabedoria, que é filha do silêncio e requer observância e meditação. Alguns confundem o silêncio com fraqueza, desconhecendo o seu poder incontestável. O silêncio arma poderosa, precisa e avassaladora. O silente não é mudo, passivo, ou subjugado. Ele é preciso, e um estrategista exímio .
Em contrapartida, o falante, muitas vezes, perde-se na oratória, com promessas e pouca ação. Aliás, o ato de falar não combina com agir. A máxima do poder está na quietude do silente.
(...) “A ação de um ato é o clímax decorrente dos preâmbulos silentes.”
Jesus Cristo foi comedido em suas palavras e sábio ao lidar com os vocábulos (...) “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.” (Pv 10:19)
Temos exemplos naturais, concernentes à força do silêncio: o ar silencioso penetra no mais profundo recôndito, da mesma forma, a vida terrestre depende do silencioso e invisível oxigênio.
Lembro-me dos silenciosos olhares dos meus pais... Como falavam! Qual de nós, seus filhos, atrever-se-ia a desobedecê-los?
Gandhi usou as armas do silêncio dizendo, não! Às armas da indolência. Buscou no uso da oralidade a paz desejada. Fez-se sacrifício vivo, através de jejuns e orações, por conta de sua boa labuta, em prol dos direitos dos hindus e por isso, aprisionado. Em sua vida pregou a não violência, como arma poderosa. Organizou uma greve em 1922, por exemplo, pela queda dos impostos – causa nobre e meio justo de reivindicar a legalidade dos direitos de um povo. Contudo, como o povo se levantou em fúria e depredou o patrimônio público, Gandhi se confessou “culpado” e foi preso. Em 1930, viajou à Londres, Inglaterra, para negociar a independência da Índia – em vão. Após, dezessete anos, em 1947, a Índia se tornou independente. O fanatismo dos hindus e mulçumanos levou-os à batalha sangrenta, por consequência, milhares de cadáveres se espalharam pelas ruas. Os mulçumanos reivindicaram a independência do Estado – o Paquistão.
Em busca pela paz, Gandhi aceitou a divisão da Índia com o fim de evitar mais derramamento de sangue entre hindus e mulçumanos, atraindo para si o ódio dos nacionalistas hindus. No dia 30 de janeiro do ano de 1948, aos 78 anos de idade, foi assassinado por um hindu.
A luta pacífica que tem por ponto determinante o fim das injustiças sociais, em suas múltiplas formas, e oriunda da ganância e do abuso de poder dos que têm sede de guerra...Nem sempre resulta só em pacifismo...
Deus, o Poder Supremo de incontestável existência, O Príncipe da Paz, silente e invisível – igual ao ar – rege o mundo.
Ele foi, é e será , eternamente, o maior pacificador que a história registrou. Pacificador não é ser passivo, submisso, inerte, tampouco apático. Pacificador é quem usa armas de paz, através da força do silêncio, porém, quando ignorado, faz-se ouvir. O termo paz diz: “o que é determinado em promover a paz”. Algumas vezes, a busca incessante pela paz, origina guerras.
O compromisso maior do Senhor Jesus foi com o ser humano, com a vida do próximo e com a “verdade”, requisitos para o caráter de um verdadeiro líder – isso, fez Dele político. Assim, por exemplo, expressou-se Gandhi: “Minha devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade, que não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política”.
“Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9).
“Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra” (Mt 5:4).
Mansos, não são os cabisbaixos, os que se fazem tapetes, ou passarelas para poderosos, mas os que lutam pela paz e a buscam incessantemente. De outra forma, nenhuma terra teria por herdade algum legado, nem mesmo a “liberdade” – porque os maus e os roubadores, certamente, não abririam mão de suas terras e de seus alegados direitos. Já ao construtor da paz, ao pacificador nato, deve ser necessária e legitimada à ação – primeiramente, silente e em orações...
Não sejamos apenas pacifistas, mantenedores da paz, porém pacificadores, fazedores e construtores da paz. O pacificador tem por pátria o mundo, o amor é a sua máxima; o seu próximo, nem sempre é o mais próximo, porém é todo aquele, que se tem o conhecimento de sofrer injustiças. Sua causa é toda a que tripudia o amor, por isso, deve -se intencionar à promoção da paz.
Todas às nações e todos os povos são de sua total responsabilidade. Assim, como o senhor de um lar, que a ninguém deve satisfação, quanto ao andamento de sua casa – desde que não viole os direitos adquiridos, sobre o respaldo das leis vigentes – , o pacificador, também, deve atuar de igual modo, quanto ao povo. Pois, se o senhor de sua casa, praticar ações marginalizadas, mesmo que no seu “território” havendo provas comprobatórias de suas más ações, no espaço declarado legalmente seu, deverá sofrer consequências jurídicas e ser abordado. O pacificador tem o dever de denunciar todas as ações más dos homens maus, em cada lugar, com o intuito de fazer justiça e promover a paz.
Por fim, fiquemos com as palavras de Gandhi: “O mais atroz das coisas más das pessoas más é o silêncio das pessoas boas”.
* Escritora, reside em Recife/PE, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Texto publicado na Revista Café-com Letras, Pg 93 (Revista Literária da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG. Ano 13 - Nº 13 - dezembro 2015.
Por: EstherRogessi *
Há homens que foram eternizados por atos praticados ao longo de suas vidas, outros, por ações momentâneas; homens aparentemente frágeis, trazendo em si , uma fortaleza ímpar. Quase sempre silenciosos, mas com sabedoria, que é filha do silêncio e requer observância e meditação. Alguns confundem o silêncio com fraqueza, desconhecendo o seu poder incontestável. O silêncio arma poderosa, precisa e avassaladora. O silente não é mudo, passivo, ou subjugado. Ele é preciso, e um estrategista exímio .
Em contrapartida, o falante, muitas vezes, perde-se na oratória, com promessas e pouca ação. Aliás, o ato de falar não combina com agir. A máxima do poder está na quietude do silente.
(...) “A ação de um ato é o clímax decorrente dos preâmbulos silentes.”
Jesus Cristo foi comedido em suas palavras e sábio ao lidar com os vocábulos (...) “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.” (Pv 10:19)
Temos exemplos naturais, concernentes à força do silêncio: o ar silencioso penetra no mais profundo recôndito, da mesma forma, a vida terrestre depende do silencioso e invisível oxigênio.
Lembro-me dos silenciosos olhares dos meus pais... Como falavam! Qual de nós, seus filhos, atrever-se-ia a desobedecê-los?
Gandhi usou as armas do silêncio dizendo, não! Às armas da indolência. Buscou no uso da oralidade a paz desejada. Fez-se sacrifício vivo, através de jejuns e orações, por conta de sua boa labuta, em prol dos direitos dos hindus e por isso, aprisionado. Em sua vida pregou a não violência, como arma poderosa. Organizou uma greve em 1922, por exemplo, pela queda dos impostos – causa nobre e meio justo de reivindicar a legalidade dos direitos de um povo. Contudo, como o povo se levantou em fúria e depredou o patrimônio público, Gandhi se confessou “culpado” e foi preso. Em 1930, viajou à Londres, Inglaterra, para negociar a independência da Índia – em vão. Após, dezessete anos, em 1947, a Índia se tornou independente. O fanatismo dos hindus e mulçumanos levou-os à batalha sangrenta, por consequência, milhares de cadáveres se espalharam pelas ruas. Os mulçumanos reivindicaram a independência do Estado – o Paquistão.
Em busca pela paz, Gandhi aceitou a divisão da Índia com o fim de evitar mais derramamento de sangue entre hindus e mulçumanos, atraindo para si o ódio dos nacionalistas hindus. No dia 30 de janeiro do ano de 1948, aos 78 anos de idade, foi assassinado por um hindu.
A luta pacífica que tem por ponto determinante o fim das injustiças sociais, em suas múltiplas formas, e oriunda da ganância e do abuso de poder dos que têm sede de guerra...Nem sempre resulta só em pacifismo...
Deus, o Poder Supremo de incontestável existência, O Príncipe da Paz, silente e invisível – igual ao ar – rege o mundo.
Ele foi, é e será , eternamente, o maior pacificador que a história registrou. Pacificador não é ser passivo, submisso, inerte, tampouco apático. Pacificador é quem usa armas de paz, através da força do silêncio, porém, quando ignorado, faz-se ouvir. O termo paz diz: “o que é determinado em promover a paz”. Algumas vezes, a busca incessante pela paz, origina guerras.
O compromisso maior do Senhor Jesus foi com o ser humano, com a vida do próximo e com a “verdade”, requisitos para o caráter de um verdadeiro líder – isso, fez Dele político. Assim, por exemplo, expressou-se Gandhi: “Minha devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade, que não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política”.
“Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9).
“Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra” (Mt 5:4).
Mansos, não são os cabisbaixos, os que se fazem tapetes, ou passarelas para poderosos, mas os que lutam pela paz e a buscam incessantemente. De outra forma, nenhuma terra teria por herdade algum legado, nem mesmo a “liberdade” – porque os maus e os roubadores, certamente, não abririam mão de suas terras e de seus alegados direitos. Já ao construtor da paz, ao pacificador nato, deve ser necessária e legitimada à ação – primeiramente, silente e em orações...
Não sejamos apenas pacifistas, mantenedores da paz, porém pacificadores, fazedores e construtores da paz. O pacificador tem por pátria o mundo, o amor é a sua máxima; o seu próximo, nem sempre é o mais próximo, porém é todo aquele, que se tem o conhecimento de sofrer injustiças. Sua causa é toda a que tripudia o amor, por isso, deve -se intencionar à promoção da paz.
Todas às nações e todos os povos são de sua total responsabilidade. Assim, como o senhor de um lar, que a ninguém deve satisfação, quanto ao andamento de sua casa – desde que não viole os direitos adquiridos, sobre o respaldo das leis vigentes – , o pacificador, também, deve atuar de igual modo, quanto ao povo. Pois, se o senhor de sua casa, praticar ações marginalizadas, mesmo que no seu “território” havendo provas comprobatórias de suas más ações, no espaço declarado legalmente seu, deverá sofrer consequências jurídicas e ser abordado. O pacificador tem o dever de denunciar todas as ações más dos homens maus, em cada lugar, com o intuito de fazer justiça e promover a paz.
Por fim, fiquemos com as palavras de Gandhi: “O mais atroz das coisas más das pessoas más é o silêncio das pessoas boas”.
* Escritora, reside em Recife/PE, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Texto publicado na Revista Café-com Letras, Pg 93 (Revista Literária da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG. Ano 13 - Nº 13 - dezembro 2015.