Como será o ano novo?
Há certo “Guru” virtual circulando no Facebook que “prevê” o que nos espera em 2016. Olhei alguma previsões de curioso. “Ferrari, cruzeiro, grande amor, bilhete premiado, carro novo, aumento salarial, etc.” A coisa é de uma grandeza tal que, presumo, o melhor ano dos tempos modernos está prestes a começar.
Contudo, o cenário, dadas as consequências da roubalheira em consórcio com a incompetência, é de desemprego, inflação, recessão. Alguém psicologicamente saudável acredita no fim da corrupção, da violência, na civilização do Estado Islâmico, na redescoberta do humano em meio à robotização que grassa? Nesse caso, deve ter na lista a existência do Papai Noel, do Coelhinho da Páscoa, do bom caráter do Lula...
Como não espero ver o Saci cruzando as pernas, ou, a Mula-sem-cabeça usando chapéu, prefiro uma dose de sobriedade. O quê patrocina essa doença humana do “me engana que eu gosto?”
Claro que, sendo a realidade sombria, dura, certa dose de fantasia acaba necessária, ou, natural, pelo menos, como eventual fuga; oásis de esperança no deserto do desengano. Contudo, me refiro aos excessos insanos que nos levam, como avestruz, a esconder a cabeça pensando que escondeu tudo, mesmo estando exposto e indefeso.
Esse viés de preferirmos alegres mentiras à triste realidade faz a fortuna dos políticos e dos falsos profetas. Pior, faz a rejeição, ojeriza à sabedoria, abandono da prudência, o torpor do bom senso.
Na mesma página virtual desfilam miríades de frases filosóficas de raro valor, contudo, copiadas e coladas por gente que, na imensa maioria, nunca se deu ao trabalho de viver tais ensinos, quiçá, entende-los deveras. O festival de “selfies” que seguem à “sabedoria” ensinada mostram amiúde a “filosofia” de vida da moda. Deuses de carne e osso em exibicionismo pessoal buscando adoradores. Cada “curtida” um louvor, cada cantada, uma prece.
Sócrates dizia que a filosofia não é para os jovens, pois, invés de terem-na como diretriz a pautar os passos tratam-na como crianças fazem com brinquedos. Empolgam-se a princípio, depois, deixam de lado em busca de um novo. Contudo, não se pode generalizar, pois, há muitos imbecis de cabelos brancos, e alguns jovens de excelente juízo, uma perspicaz percepção das coisas.
Isso posto, finalizo fazendo minhas “previsões” para o ano vindouro: A violência vai aumentar, infelizmente; esses bichos que só se acalmam comendo do feno oficial, se confirmado o impeachment estarão na oposição fazendo o que sabem de melhor: Badernas, perversão da ordem, invasões, greves...; a economia vai piorar acentuando o desemprego, coisa inevitável dados, o rebaixamento do Brasil pelas agências de classificação de risco, e o cenário interno de enorme dívida pública, que, como sempre, se paga mediante impostos. Esses, uma vez aumentados tolhem também, ações desenvolvimentistas.
O pudor seguirá sua célere carreira em declive rumo à extinção, e o falsos profetas seguirão apregoando grandezas aos incautos e fazendo as suas.
Sabedoria, caráter, idoneidade seguirão como sempre, alvos de ataques, zombarias, motejos, e só os que os possuindo, ainda tiverem muito têmpera serão guardiães capazes, de seus tesouros.
Mas, por que estou dizendo isso? Quero deprimir às pessoas? Não. Quero despertá-las. Há algo de bom no meio disso tudo. Os que cultuam bons valores terão um pano de fundo excelente para exibi-los; como a noite escura realça às estrelas, a impiedade destaca o bom caráter separando-se dele.
Os que carecem de um estímulo virtuoso para redirecionarem suas vidas haverão de encontrar ainda, um aqui, outro acolá, e a possibilidade de escolha, ainda pulsa.
A única vantagem de se estar no fundo do poço é que só se pode mover para cima, e o Brasil chegou lá; então, podem surgir lideranças jovens com mentes higiênicas para depurar nossa política, e ensejar melhores exemplos à geração vindoura.
Costumamos desejar “Feliz ano novo” que, no fundo atribui ao Fado, o Destino as escolhas; prefiro me sentir feliz ao constatar que, quando oportuno, fiz sábias escolhas. Então, a todos quantos lerem isso, um sábio ano novo!