Bosta de cavalo: minha cor preferida.
Boa tarde meus 23 fiéis leitores e demais 36 de quando em vez. Estou eu no meu serviço, parado na portaria, e, repentinamente, aparece um cavalo por ali. O quadrúpede me digna com um breve olhar de indiferença e entra.
Passa por mim e vai furungar na entrada, onde ainda não há ninguém por ser muito cedo. Cheira aqui, cheira ali, come um pedaço de grama e, sem nenhum rodeio ou constrangimento, defeca. Eu, em 30 anos de serviço, nunca tinha presenciado algo igual na empresa.
Fica um pouco mais e vai saindo calmamente. Dirige-me um olhar blasé como que dizendo "Que grama ruim essa tua". Segue o seu rumo. Fico admirando a obra verde-clarinha do meu inusitado visitante.
Estou a pintar minha casa, sabiam? Quer dizer, não sou eu, mas sim um pintor que contratei. A ideia foi da Louise, que queria porque queria pintar a casa esse ano. Eu era contra, queria usar o dinheiro nas férias, mas sabe como é, a Louise é que manda lá em casa.
Mas fico admirando aquela bosta de cavalo ali, fresquinha, no silêncio da manhã. Pensei: boa cor para pintar a casa essa, é tipo assim, um "verde folha" bem claro. As moscas que já se aglomeravam em volta do estrume pareciam felizes em dar razão a meus devaneios domésticos. Bem que dizem: "Milhões de moscas não podem estar erradas: bosta é bom". Concordo com elas: bom para pintar parede externa. A cor, não a bosta.
Claro que eu não vou dizer a inspiração para a pintura externa de nossa casa para a Louise. Ela vai dizer: "Bem capaz que a minha casa vai ser cor-de-bosta-de-cavalo!" Falando que é verde folha ela até pode entrar numas de meio ambiente, salve a natureza, essas coisas.
Então tá, vou pintar a parte externa de "cor-de-bosta-de-cavalo" (ainda se separa isso com hífen?) com aberturas brancas. Vou perguntar pras moscas o que elas acham de branco para as aberturas, antes que passe um carro pela portaria da empresa e esmague minha inspiração.
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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Em 2016 talvez eu dê um jeito nisso... Mas acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013.)