Happy Birhday
Lembro-me quando na infância da aproximação do meu aniversário, de um irmão, primo ou mesmo de um amigo mais próximo era motivo de festa e expectativas, o entusiasmo pairava no ar, muitos doces, bolos, balas jogadas para o alto, refrigerantes ou mesmo um Q-suco que deixava a língua vermelha, lembram? Tá o velho sou eu, todos a mostrar a mais vermelha, que festa; os amigos comuns da vizinhança, os primos mais chegados, os abraços, as brincadeiras e os presentes com belas surpresas ao abri-los, gritos de alegria e o orgulho ao ver o novo carro de plástico para puxar pelas calçadas e ruas de barro, uma guitarra (ninguém pega) para acompanhar nossos ídolos pelo rádio... Tempos bons que ficam ainda vivos em nossa memória apesar dos anos, eles que se passaram tão fugaz, ainda tínhamos muito a desfrutar, muito a sonhar, fantasiar, a descobri... Veio a adolescência, bela época, por não dizer a melhor, os doces e salgados não eram tão especiais assim, as guloseimas eram outras, cada uma mais bonitas que outras, mais cheirosas, coloridas e radiantes, eram como um presente, impressionava... Umas mais discretas outras nem tanto, a descoberta do oposto era nossa maior descoberta, vale a pleonasmo, era essencial e existencial, que apetite e disposição, ninguém era preso a nada, só a euforia, a vitalidade, a conquista...o olhar sedutor e brilhante que transmitia jovialidade e virilidade era o ponto forte nesta etapa da vida, era percebida no ar, pelo cheiro, pelo instinto sei lá...porém aquela disposição outrora quase incansável deu lugar à moderação, a prudência nesta nova etapa, a jovialidade e o vigor se tornaram sabedoria e experiências, o olhar sedutor e brilhante hoje menos ousado e determinado, agora contido e meio cansado, um tanto turvo com o passar dos anos, a euforia e a vitalidade se tornaram escassas e derradeiras, o entusiasmo não é mais o mesmo, não é que não sejamos grato pela vida, à vida., o trem um dia vai parar... Ah! Ia esquecendo os amigos agora nem tão presentes assim, e nem tantos também, uns por trilharem suas vidas em outros caminhos e atalhos... Outros por se forem rápidos e deixando suas histórias pela metade, ás vezes quero pensar assim. Olhamos para alguns que nos restaram, sem a mesma força e disposição passada, já nem tão empolgados e entusiasmado com as palmas e abraços, sem a memória firme e disposição pra lembrar até das próprias histórias, pena, pois é o que levamos conosco: os bons momentos...Não sei se com o passar dos anos, em nossa data suprema, temos muito a comemorar ou a se preocupar, realmente eu não sei, é uma incógnita, depende de cada um, que terminemos nossas histórias com dignidade... A vida deveria ser vitalícia e de preferência jovem.
Roberto Ornelas