O escudo da tristeza
Sinto que essa semana tenho tocado muito no tema amor. Mas isso é bom. Enquanto puder desviar dos temas chatos, como política e a violência desenfreada que estamos vivendo em nosso dia-a-dia, sinto-me feliz.
E já que o tema é amor, porque não falar sobre relacionamentos e seus paradigmas atuais. Não eu não sou um entendedor, na verdade quando se fala em amor eu sou como Tom Hanks no filme náufrago: Sou somente eu e o Wilson em uma grande ilha deserta. Por isso quero que você entenda que eu de amor nunca entendi. Nada. Nem um pouquinho sequer.
Mas tenho uma excelente qualidade, sou observador. Observo tudo ao meu redor e sempre que posso tento aprender algo sobre aquilo que vejo estar errado não só comigo, mas com quem quer que seja. E algo tem me chamado a atenção nos últimos tempos: Nossa visão fútil sobre felicidade e relacionamentos, sem falar na verdadeira guerra que é travada entre quem tem ou não alguém para amar.
Temo que estamos um pouco equivocados, e como sempre estamos fazendo errado. E onde precisamente está acontecendo esse erro? Eu posso supor que seja exatamente quando começamos a acreditar que existe uma formula para a felicidade.
Isso me parece loucura, mas tenho observado que para o senso comum, estar sozinho significa necessariamente ser infeliz. E aí novamente o erro: Quando se está solteiro tem de ser incrível, pois precisa parecer feliz. Parecer, só isso.
E aí vem os “apaixonados”, que nunca se gostaram. No máximo se aturam. Um encontra o outro e percebe, “minha nossa ele(a) é perfeito(a)”. Perfeito não para mim, mas para mostrar para os amigos ou quem quer que seja. Um simples escudo.
Daí surgem termos como “Crush”. Aquilo que eu sempre quis ter. “Ah, porque ele não me dá atenção?”, “Ah, porque ele não me quer?”. Está cada vez mais difícil você encontrar por aí quem tenha se apaixonada por alguém que para outras pessoas é considerado esquisito. E se acontecer de um amor verdadeiro surgir, o mundo e as outras pessoas darão um jeito de fazer eles se separarem. Porque não é superficial, logo, não é feliz.
Assim quem tem coração sofre. Bebe. Quem arrisca não ter, torna-se mais um em meio ao nada. Estamos ficando bons nisso. A cada novo filtro lançado, um relacionamento mais feliz é conquistado. E quando paramos pra pensar nisso tudo? Não temos tempo. Trabalho, estudo, festas de fim de semana tornam-se bons escudos. Escudos que nos protegem da verdade.
Somos tão felizes quanto podemos ser sozinhos. Se não formos conosco, nunca seremos com ninguém. O espelho do amor é o sorriso. Não uma foto. Não uma pessoa perfeita que devemos perseguir com unhas e dentes. Aliás não persiga ninguém. Quem gostar de você fará de forma automática. Terá de volta aquilo que der quando for sincero. Só isso.
Espero sinceramente que as coisas mudem. No meio disso tudo fico eu, assim, infeliz que sou, sozinho, sem fotos para mostrar, mas com meu sorriso no rosto e a certeza de que se gosto de alguém, ela gostará de mim. E se acontecer isso, ah se acontecer, ficaria muito mais feliz. Esse é o segredo. Feliz já sou, só gostaria é de juntar a minha com a sua.