Voltar ao passado.
Volta e meia dou meia volta e volto ao passado. Volto sim, apesar de ler tanto que passado passou e que passado acabou. Volto, mas não fico por lá muito tempo.
É só o suficiente para revirar algumas gavetas, retirar algo pendente ou mal resolvido e trazer pra arrumar. Eu preciso voltar, pois quero o meu passado limpo e por isso tenho de fazer uma faxina volta e meia.
A gente sempre coleciona em alguma gaveta, os tais “Mal querer” e de tão bem guardados, às vezes nos esquecemos deles.
Entrando num mercado, encontrei com uma mulher, minha conterrânea, que não via há anos. Imediatamente lembrei que eu não conversava com ela, abaixei a cabeça e segui. Fiquei matutando durante toda compra: Por que não conversamos? Estudamos juntas...
Chegando em casa, dei meia volta e voltei a futicar as gavetas. E encontrei!
Meu Deus, nunca mais conversamos porque na juventude namorei o rapaz que tinha sido namorado dela!
E eu guardando isso lá, depois de tantos anos, nós duas já casadas com filhos e netos e não nos falando...
Ainda bem que no presente existe esse tal de Facebook! Eu não sabia o nome completo dela, procurei e encontrei-a nos amigos de uma amiga. Fui a sua página e enviei-lhe uma mensagem solicitando amizade e falando do nosso desafeto. E qual não foi minha surpresa e alegria ao receber sua resposta falando que me segue através da amiga em comum e que sempre lê e gosta do que posto aqui!
Pronto, mais uma faxina no meu porão, no meu passado.
É preciso, às vezes, dar meia volta e voltar, abrir as janelas, deixar a claridade entrar, arejar o porão, ver o que ainda dá pra ser consertado e consertar. Aquilo que não dá mais pra arrumar, arrumado está. Não deixe mágoas acumuladas lá, pois elas provocam mau cheiro, apodrecem nossa alma e pesam.
Ventilar o passado é dar leveza ao presente.