Escritórios

Estava aqui pensando como era difícil trabalhar num escritório há vinte anos atrás, sem computadores, impressoras , copiadoras e outras modernidades "on line", como as que hoje povoam as nossas salas. Falamos com o mundo sem sair da cadeira, e tanta mordomia me agrada bastante, embora eu não seja muito cibernético.

No meu tempo de analista eu já tinha as minhas preferências de uso pessoal, por exemplo; nunca gostei daqueles espetos de segurar papeis, sempre achei perigoso e deveria ser proibido, sempre tive a impressão que poderia furar um olho por descuido, ou machucar a mão, nunca quis risca-rabisca, para mim isso é apenas um "rabisca", prefiro um bloco de anotações, caixa de entrada e saída também não faz a minha cabeça, no máximo uma caixa só, e olhe lá, mas gostava daquela esponja de glicerina, os meus dedos são secos, e dificultava o manuseio de papeis, também não morro de amores por ar condicionado, tenho rinite e começo a espirrar com facilidade, mas procuro me adaptar .

A organização é fundamental, pastas de tarefas e arquivo são indispensáveis, até porque auditores adoram papeis e processos físicos, que eles possam pegar. Hoje em dia, os processos eletrônicos facilitam muito e substituem os tantos papeis que guardávamos , mas nem tudo pode ser assim, ainda não.

Datilografei muito, com pelo menos seis dedos, e rápido, errando pouco, quase nada, pois os chefes eram exigentes e não passavam a mão na cabeça, falavam na lata.

O ambiente com os colegas era muito melhor do que hoje, que há muito fingimento, o pessoal confunde ser competitivo com ser desleal, e não se dão conta dos horrores velados que cometem, pura puxação de tapete, vive-se com um olho no gato e outro na sardinha. Antes havia solidariedade e as famílias se conheciam, juntavam-se nos churrascos e peladas de solteiros contra casados, muita farra e risadas mil, parecia nunca faltar assunto.

Hoje as empresas precisam forçar eventos para aproximar as pessoas, inventando " day off", " cafezão ", "domingo legal", e coisas assim, onde os chefes fazem suas próprias rodinhas, e criam-se feudos de interesses particulares, tudo se resume a "objetivos", a palavra amigo se perdeu no tempo, as pessoas se falam pelo computador, as vezes estão a apenas alguns metros de você, não há quase contato físico, olho no olho, e todos se melindram por qualquer coisinha, vivemos cheio de dedos o tempo todo, medindo as palavras, pois todos se confundem , não há confiança plena.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 10/12/2015
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