Sentido da vida.

Foram dias mágicos. Eu pude experimentar sensações únicas e inigualáveis. O contraste de tudo o que eu era estava no ápice. A linha tênue que me separava de algo além de tudo o que eu já imaginara havia se rompido. Dentre milhares eu havia sido o escolhido. Sorte? Com certeza. Destino? Talvez. O certo era que por alguma intervenção ou por mero acaso eu estava tendo acesso sem limites ao mundo dos sonhos. O que aconteceria dali para frente não importava tanto quanto o que estava acontecendo no presente. Uma vida para viver onde o limite seria o ponto de partida. Poder fazer valer à pena. Saber que o amanhã não representaria nada mais do que a continuação do ontem. Sem pausa, sem pressa, sem preocupação, apenas o momento. O tempo havia tirado sua mascara assustadora e se revelado como uma senhora educada e pronta para andar, lado a lado, com todas suas forças me prometendo revelar seus segredos que poucos ousavam experimentar ao julgá-lo como se fosse o responsável pelo mal no final da vida. Não. O dinheiro não podia comprar isso, mas o que ele representava podia mostrar o caminho. Os tempos contados e pautados pela repressão e opressão do que viria depois de cada virada de ano com suas promessas ingênuas e nunca cumpridas, acumulando apenas frustrações e expectativas que se tornavam em dívidas na tentativa de conquistar o que era pra ser de direito, esses sim se findariam. A esperança havia criado asas e alçado vôo além do que se podia esperar navegando nas nuvens e abrindo caminho entre as origens mais remotas e ainda virgens da imaginação. Eu podia sentir o efeito da mutação transformando pouco a pouco cada célula do meu corpo, preparando para receber e absorver o impacto da nova maneira de viver. Os dias seriam incontáveis. O prazer estaria presente em cada atitude, em cada ação. Eu não negaria minhas origens, mas as firmaria sobre as águas tranquilas de um rio cristalino. O meu poder, adquirido de maneira singela se transformaria em uma fonte de transformação alcançando a todos que cruzassem meu caminho. Eu estava pronto para voltar e me deparar com o meu eu do passado. Como eu reagiria era o que mais me deixava ansioso. Até mesmo o Sr Osmar, como esquecê-lo? Ele se tornara parte do início e agora eu traria a devida justiça que ele merecia, por que mesmo eu não sendo o melhor dentre os seres humanos, ainda sim a sorte parecia recair sobre aqueles que se desmoronavam diante da imparcialidade do sistema, dando a chance, ainda que em pouca significância diante da imensidão do mundo, de poder mostrar que nada é definitivo, sempre existirá uma luz ao fim do túnel. Uma nova maneira de recomeçar e mesmo que precise ressurgir das mais profundas trevas haverá uma mão invisível que te erguera, mostrando que a vida é muito mais do que pequenas coisas que o dinheiro pode comprar. Viver se tornaria um novo significado no dicionário... E enquanto mergulhávamos céu adentro eu respirava aliviado ao saber que ainda havia tempo de descobrir o que significava viver [...]

Apenas o começo de uma nova história. Uma história fascinante e uma jornada épica de um herói sem poderes, um herói nascido no meio do povo, um herói bem brasileiro que não salvaria pessoas de perigos, mas sim de uma vida comum, trilhando caminhos antes desconhecidos pelos covardes. Eu estava pronto.

O que viria agora seria épico...

Wellington Lopes
Enviado por Wellington Lopes em 10/12/2015
Reeditado em 10/12/2015
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