SOBRE A HIPOCRISIA DAS FESTAS DE NATAL
 
Tenho lido muitos textos, alguns belíssimos, por sinal, sobre a hipocrisia existente nas festas de Natal. Frases do tipo “meu nome é dezembro, mas pode me chamar hipocrisia”, “Natal, festa da hipocrisia”, Natal, tempo de fazer de conta que há harmonia na família”, “Período onde todo mundo fica alegrinho e se ama nos dias 24 e 25, mas aí vem o dia 26 e tudo volta como era antes.” Etc., etc. ...
Cá entre nós, não consigo ver as coisas apenas por este ângulo. Claro que há hipocrisia, não nas festas de Natal, mas nas relações humanas, mas não acredito que a ausência de um amor fraterno por todos os membros da família e/ou do trabalho deva ser um empecilho para este momento de confraternização. Independente dos problemas sempre há, e muito, o que comemorar. Agradecer. Não acho que abraçar aquele com quem você, durante o ano, não teve uma relação mais estreita e afetuosa seja um ato de hipocrisia, prefiro acreditar que somos maduros o suficiente para romper esta barreira e, fraternalmente, como cristão, saudar, com sinceridade seu companheiro ou familiar mais distante.
 
Há ainda quem questione: “Tempo de paz? Tempo de festa? Tempo de alegria?”. A estes questionamentos eu responderia, não há nenhum manual natalino dizendo que devemos ser mesquinhos durante o ano e fraternos no natal, mas se a correria do cotidiano nos coloca distante de algumas pessoas, nada nos impede de, pelo menos uma vez, tentar romper esta barreira e construir uma ponte.
 
Sempre fui fascinada pelo Natal. Sua luz, seu brilho, seus sons. Nunca vi como hipocrisia o desejo de viver, intensamente, momentos de alegria, reencontro, amizade e confraternização. Não consigo sentir a hipocrisia em um sorriso tímido que não encontrou, durante o ano, espaço para se manifestar, nem falsidade no abraço que ficou recolhido o ano inteiro por falta de oportunidade para acontecer.
 
Não, não consigo pensar a festa do nascimento da maior expressão de amor como a festa da hipocrisia. Claro que ainda não comemoramos o Natal como deveríamos. Ainda valorizamos demais os outros símbolos em detrimento do símbolo maior que é o MENINO DEUS, entretanto, este é um momento propício para repensarmos nossas práticas. Analisarmos nossas escolhas e, claro, nos reconciliarmos, com o outro, com Deus e com nós mesmos.  
 
Este texto deveria ter feito parte do do Exercício Criativo - 
Cá Entre Nós. Saiba mais, conheça os  textos que participaram.
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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 09/12/2015
Reeditado em 09/12/2015
Código do texto: T5474957
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