MELHOR COM SANTOS, PIOR SEM ELES

No início do outono de 2010 fiz uso inadequado da cavadeira e um dos cabos quebrou-se. A cavadeira é a ferramenta ideal par construir os canteiros, pois não força as costas como acontece quando uso a enxada, mas há o inconveniente da demoro muito em aprontar os canteiros.

Naquele mesmo ano saímos para dar uma caminhada perto das 10 horas da manhã, então passamos pela ferragem de nome Santa Clara onde avistei o cabo que eu precisava. Perguntei para a Tânia se ele importar-se-ia se eu comprasse o cabo e carregando-o continuássemos a caminhada. De acordo saímos da ferragem e pouco mais de 100 metros adiante um pastor sabatista conhecido de nós gritava perguntando o que eu carregava, como o dialogo era ruim pelo barulho dos carros resolvemos esperar o sinal fechar e atravessamos a avenida. Reiterada a pergunta em forma de brincadeira respondi que eu era o São Cristóvão carregando o mundo. De lá veio a resposta cega dando conta que ele não sabia do que eu estava falando. Logo dei-me conta que os sabatistas não acreditam em santos, mas mesmo assim dei-lhe uma retrucada para finalizar o diálogo e partimos para o nosso percurso. Disse a ele que não acreditava no diabo, mas sabia que ele habitava a mente dos sabatistas.

Lembrei-me desta passagem por duas vezes, a primeira quando mudaram o nome da avenida Castelo Branco e a segunda hoje, enquanto assistia um documentário sobre a influência das igrejas na formação dos povos. Dei-me conta que infelizmente para o pastor, mesmo que queiram será muito complicado ignorar os santos, pois eles habitam o mundo visível e o invisível, mesmo que muitos possam não acreditar neles. São logradouros, pessoas, escolas, farmácias, padarias, acidentes geográficos, linhas de ônibus e tudo mais que possamos imaginar.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 09/12/2015
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