A PRISÃO HUMILHA, CONSTRANGE, MAS NÃO METE MEDO!
PRISÕES HUMILHAM, CONSTRANGEM, MAS NÃO METEM MEDO!
Entre o barulho do trânsito deu para ouvir :
- "Da cela que eu ficava só dava pra enxergar as ponta da arve"! - parecia que ela falava sozinha, andava e numa das mãos balançava algumas folhas de papel junto a carteira de identidade, entre um furgão e um carro o rapaz e duas pessoas faziam sinais de positivo, na direção de uma das janelas do presídio Madre Peletier, ao juntar-se a eles ela repete a frase "Da cela que eu ficava só dava pra enxergar as ponta da arve". De lá veio a resposta aos sinais numa voz chorosa e quarentona:
- Tudo vai dar certo! - Estão te tratando bem ai? Gritou o rapaz, de lá? Nada e fui me afastando. No contexto entendi que pela dificuldade de comunicação pelas janelas comentário sobre a "arve" tentava explicar Parece o porquê das dificuldades. Mesmo tendo um familiar já com passagem pela casa prisional parece que não foi o bastante para por medo na recente aprisionada.
Trouxe a carteirinha? - Sim respondeu a mocinha acompanhada de dois adultos aparentando cinquenta anos e mais três crianças. O homem aproximou-se e com sotaque da colônia alemã perguntou onde ele estava, pois não estava enxergando. Abana para ele ver? - Gritou a mocinha, eu só escutando. Já te cadastrou? - perguntou a jovem atrás da grade, então o homem levantou as mãos mostrando os documentos. As três crianças entre seis e oito anos brincavam quase deitadas na calçada suja, rostos amarrados, talvez pela luz do Sol, talvez pelo constrangimento.
Pela papelada e documentos ficou tácito que são pessoas cadastrando-se como visitantes.
Fui em frente na minha caminhada mesmo maltratado pelo forte calor!