O Dólmã do Tenenete

Hoje os delegados de polícia são todos advogados, geralmente educados. Mas no passado eram sargentos e tenentes da polícia militar, quase todos atrabiliários e truculentos além de capachos do PSD, o partido do governo. Eram muito temidos pelo povo do interior. Detalhe: alguns eram veradeiros ursos de davam em cima das mulheres fogosas que eram doidas por farda. Estas sempre foram excitadas por farda. Sempre houve esse tipo de mulheres, algumas delas até da classe dominante.

Bom, numa certa cidade do sertão, um tenente truculento (mas capacho do chefe político) deu em cima da mulher de um cara prestigiado nas hostes governistas. Ela era, por assim dizer, uma espécie de locomotiva do soçaite martuto. O tenente armou um e esquema : chegava na casa dela pelo portão logo cedo, depoisque o marido saía e os filhos dela iam para a escola. Só ficava a empregada, mas essa advertida pelo tenente que se abrisse o bico ia pra delegacia levar duas dúzias de bolos e tomar um copo de óleo, coittada, ficou caladíssima e botando sentido a vadiação do tente com a patroa.

Nesse tempo os tententes usavam um dólmã, uma especie de casaco acinturado. Assim que chegqava ele tirava e botava numa cadeira e tome folia e bebida. Mas um dia bebeu além da conta e quando os dois cairam na real era a hora do marido e os filhos chegarem, o tenente saiu apressado pelo portão. Mas, pasmem,esqueceu o dólmã na cadeira.. O marido entrou e a primeira coisa que enxergou foi o danado do dólmã. Estranhou e perguntou: "Neguinha, o que é que esse casaco de militar tá fazendo aqui?". A mulher pensou rápido, era auma artista, e respondeu: "Pois é, você e suas amizades, apareceu aqui o delegado quieria falar com você, deve seralgo do PSD, como eu detsto esse sujeito não fiquei fazendo sala, fui pro quarto ler a Revista do Rádio, ele ficou aé esperando um tempão, como tava fazendo muioto calor, ele pediu licençaa Zefinha e tirou essa fantasia que chamam dólmã e como você não chegava ele foi embora e deixou esse troço aí. Mande de volta que eu não quero esse sujeito outra vez na niossa casa". O corno manso pegou o dólmã embrulhou direitinho com papel madeira e mandou Zefinha levar na delegacia.

A bomba terminou estourando, mas não por intermédio de Zefinha, a empregada, mas do próprio tenente que bêbado no cabaré contou tudo, inclusive o caso da devolução do dólmã. Não houve retaliações, mas o chefe político lhe deu um esporro e prometeu que se ele entrasse de novo na casa do scretário do partido mandava transferi-lo para uma cidadezinha onde o cão perdeu as botas. Quem n~~ao gostou foi a mulher, ficou subindo pelas paredes lendo apenas a RFevista do Rádio. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 09/12/2015
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