MENTIRAS DESNECESSÁRIAS

MENTIRAS DESNECESSÁRIAS

BETO MACHADO

Todo mundo diz que se incomoda com o recebimento de uma notícia, de uma resposta ou de um comentário fincados, desenganadamente, no sorriso aberto da mentira, mas ninguém se preocupa com a ausência de verdade que seu sorriso irradia, mundo à fora, quando o brilho dos seus dentes ofusca o verdadeiro sentimento armazenado atrás dele.

Não sei se FREUD debruçou-se sobre esse tema, em seus trabalhos de investigação da “psique” humana, porém, sempre que alguém de nossas relações deixa escapar, desnecessariamente, uma mentira, paira sobre nossas cabeças aquela nuvem duvidosa: “vai chover ou não vai chover”?

Nem sempre temos condições de anular os impulsos da nossa consciência, ávida para liberar as comportas que represam VERDADES e MENTIRAS em compartimentos estanques. Do subconsciente vêm as VERDADES, e muitas vezes se mostram sisudas ou tímidas, mas são sempre sólidas, firmes e inegociáveis. Já as MENTIRAS saem do consciente, produzidas na velocidade que o tempo real exige; mas essas são frágeis, esvoaçantes e efêmeras. Logo, proliferam aqui e ali, buscando uma perpetuação inatingível. As mentiras nascem e morrem como as moscas. As verdades tendem a se eternizar.

Mas a minha perplexidade se dá é diante da falta de vontade das pessoas em evitar as mentiras desnecessárias, quando as verdades, no compartimento ao lado, que já estão prontas pra sair, apenas observam o seu possuidor substituí-las por mentiras que ainda nem estavam maduras o suficiente, e nem dispostas a deixar o seu cantinho.

De sorte que de mentirinha em mentirinha vão se implodindo amores que pareciam ser eternos, paixões com aparências de inquebrantáveis; e, com isso, o peso pesado da VERDADE mantém a roda gigante da vida sem girar, deixando “de castigo” lá encima, as intrusas MENTIRAS DESNECESSÁRIAS, fora da Terra.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 07/12/2015
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