O poder invisível da inspiração
Minhas musas inspiradoras, são mulheres que nunca dei um aperto de mão. Que nunca olhei pessoalmente para poder dizer - Como você é Linda e te admiro! - Mas são mulheres que em algum momento muito particular e íntimo, me arrancaram suspiros de como ser incrível.
Essa palavra "nunca", ás vezes só é uma condição de estar e não de ser. Porque nunca vou poder fazer tudo isso com a Marilyn Monroe, Clarice Lispector, Madonna, Cleópatra, Elis Regina, Anne Brun, Aretha Franklin... Mas posso sentir meus olhos ficando extasiados com a beleza singular da Marilyn, posso imaginar a voz da Clarice ditando tão doce quanto enérgica, sua poesia em forma de palavras profundas... Posso ouvir e cantar com o mesmo orgasmo junto da Elis! Eu realmente me inspiro na presença de seus feitos.
Acho de coração, que se toda mulher que gosta de brincar com a própria vaidade, de se sentir completa, ter como ponto de referência mulheres que nunca serão nossas amigas, poderão tê-las como madrinhas daqueles desejos de ser incrivelmente especial.
Tenho também as musas de carne e osso, mulheres que posso abraçar e dizer o quanto admiro e sou fã. São amigas que cresceram comigo, são mulheres que aprendi a gostar e desejo ser igual. Se inspirar pra mim é isso - Não ter medo de olhar outra mulher e invejar o seu melhor.
Seria lindo, seria altamente perigoso mas divino, se todos os dias acordássemos achando que somos como a Marilyn por exemplo e sair por aí simplesmente andando na rua, sem pretensão de ser linda de morrer e ver homens batendo a testa no poste. Mulheres desejando estar vestida até mesmo a sua calcinha ou ter aquele cabelo imperdoável de perfeito, e ver que se é assim naturalmente. Ou ainda, escrever e falar coisas que pessoas fazem questão de te aplaudir porque você traduziu a alma, coração, com o poder de parecer viver a vida delas... Me parece ser assim o poder de ser...
Acredito que ser diva é assim. Não ter medo de ser quem é e saber mostrar isso como ninguém por aí. E quando acordo, sem muito gostar do meu cabelo, da minha pele que está envelhecendo; olho para o folhetim ou os quadros que mostram as imagens dessas mulheres e cada uma me diz com o poder de sua imagem o que posso fazer. Então vou lá e acredito. Coloco meu melhor vestido, sorrio ao pensar que elas também tiveram tantos e tantos dias de feiura e baixo astral e que graças a sua admiração, se inspiraram em outas divas que deviam gostar e se espelhar.
No meu quarto tenho elas comigo. E vocês queriam saber como consigo ser assim? Eu conto! Todos os dias a Marylin me ajuda a escolher um vestido, A Aretha canta comigo um blues para animar o dia enquanto a Cleopatra já sussurra as dificuldades de administrar meu dia, me lembrando de usar o ímpeto, forever!
A noite, as vezes a Madonna me ajuda a escolher uma bela lingerie, olhar meu corpo com mais respeito e até brincamos de poses sensuais enquanto me ensina um jeito diferente de mandar alguém a merda. E claro, nos dias de tristeza, tem a Anne cantarolando suas melodias com voz de anjo, me dizendo para descansar. E quando a preguiça me sucumbe, quem vem? - Elis com seu bravor e moralismo. Mas a parte que mais amo, é quando sento na escrivaninha e lá vem Clarice com uma xícara de chá, blasé como ninguém, esperando eu escrever mesmo com vergonha. Ela fica em silêncio... E eu escrevo.
Assim são meus dias.
Sempre na constante presença de um poder invisível... mas inspirador.
Gita Habiba - Novembro/15