O Brilho da Estrela
Descobri um tipo de elegância através de Marília. Um deboche suave. Um ar de humilde superioridade. Quem é essa mocinha esguia, de cabelos soltos à espanhola e de sorriso largo mas cheio de terceiras intenções? Essa aparição entre as personagens mais previsíveis (ainda que extremamente originais) nas cenas dos chiques de “Beto Rockfeller” me intrigara. Quando bem depois descobri o seu nome “Marília Pera” comecei a entender: esse nome, Marília, no meu imaginário seria certamente o de uma mulher descolada e independente, solta para impor sua leve liberdade ousada. Pera era o fator surpresa. Deliciosa e tenra. Verde e de discreto e agradável perfume. Originalíssima Marília. Ainda hoje tenho dificuldade para acreditar que ela fosse disciplinada tão naturais e autênticas que suas personagens fluíam valorizando cada cena, Iluminando cada take, desconcertando os distraídos como na última cena do “Primo Basílio” ou na ternura da amamentação do “Pixote”. Ah mulher! Que honra tela visto tanto! Que delicia vela transitando atrás da palmeira do apartamento do Itaim... Bi-bi das contendas com o Nanini! ...E como a vi pouco! Como poderia tê-la visto mais! Vá bela criatura! As colagens do seu carisma estão bem aqui, bem coladas nessa minha cabeça de vento para não voarem com essa minha amarga tempestade de lamentos.