A filosofia da suposição
Você deve ter percebido que volta e meia tenho verdadeiros devaneios com mundos inexistentes. Hoje quero te convidar a refletir sobre uma nação que não existe. Pensar em absurdos que este mundo fictício poderia ter, absurdos tão grandes que certamente não teriam a mínima possibilidade de acontecer em um mundo real.
Vamos imaginar que nesse mundo fictício o governo anunciasse através de caras, pomposas e irritantes propagandas na mídia que o país tornou-se auto-suficiente em petróleo com a descoberta do produto nas profundezas do mar, no chamado pré-sal. Imaginamos ainda que neste país não exista concorrência quanto a distribuição de combustível já que a única empresa do setor é um patrimônio nacional, ou seja, do governo. As pessoas sorririam felizes porque eram alto-suficientes e certamente o combustível seria o mais barato do mundo. Mais ai o governo ao invés disso, aumenta os preços ainda mais, e segue aumentando ano após ano.
Vamos mais longe e pensar que está mesma empresa que é um patrimônio da nação exporta combustível para outros países e nestes países, que precisam importar o combustível para suprir a sua demanda, o preço ao consumidor é mais baixo do que o que os “donos” da empresa pagam. Seria um absurdo, não é mesmo?
Imaginamos ainda que essa mesma empresa fosse vítima de uma das maiores teias de corrupção da historia do mundo e o rombo gigantesco esbarrasse em figurões engravatados em todas as esferas, enquanto isso o povo que assiste a tudo atônito vê mais um aumento nos combustíveis para garantir a manutenção da empresa e cobrir o rombo. Sei que isso jamais aconteceria no mundo real, mas vamos imaginar.
Vamos imaginar que o juiz que cuida desse caso escandaloso é atacado diariamente por aqueles partidários que acreditam na inocência dos seus, contra eles próprios, já que muitos deles confessaram e até o policial que é visto realizando as prisões passa a ser vitima de ataques ferrenhos numa tentativa absurdamente louca de tentar se provar que tudo aquilo é uma grande armação, volto a dizer, contra a vontade de muitos dos agentes desta teia de corrupção que não só estão presos e confessando como entregando os “companheiros”.
Seguindo neste absurdo mundo que só existe no meu pensamento, vamos supor que este governo dissesse que nossos motoristas precisavam de extintor nos carros para se proteger dos incêndios. Mesmo contra os especialistas que diziam que era mais fácil o Ronaldinho Gaucho voltar pro Grêmio, do que um carro pegar fogo. Não contente o governo avisa que tem que se trocar de extintor, comprar um mais caro, mais completo. O povo corre para as lojas, compra, gasta, e ai o governo como se não tivesse nada mais o que fazer diz que o motorista não é mais obrigado a ter extintor no carro. Se eu vivesse num mundo assim rapidamente iria me perguntar quem é que está ganhando uma parte do dinheiro que gastei no meu extintor?
Vamos supor ainda que neste lugar ocorram eleições de quatro em quatro anos e que numa dessas eleições a “presidenta” que está concorrendo a reeleição grite aos quatro ventos que o país vive um momento econômico bom e que não precisamos nos preocupar porque ela não vai mexer nos direitos dos trabalhadores e nem aumentar impostos, mas que depois de eleita ela faça tudo que disse que não faria, e mais, além de mexer nos direitos dos trabalhadores, uma onda de desemprego comece no país inteiro, a moeda estrangeira que serve de base para economia mundial chegue a valores astronômicos e a inflação suba de maneira descontrolada.
Vamos pensar ainda que nessa nação, um senador da república fosse preso. E o partido dele lançasse uma nota dizendo-se decepcionado e que iria expulsa-lo e que seus correligionários aparecessem de toda a parte dizendo que ele nunca representou o partido, ou seja, aquele senador era uma erva daninha no partido, não fosse a contradição do fato de que ele era líder do governo no senado, ou seja, o líder do partido no senado. Como pode o maior representante do partido na casa não representar os interesses do partido ou pelo menos do governo?
Vamos imaginar ainda mais. Vamos imaginar que nesta nação o presidente da câmara dos deputados seja descoberto em várias “maracutaias” inclusive com contas bilionárias no estrangeiro e quando o partido do governo dissesse que iria votar por seu processo de cassação ele aceitasse a denuncia de impeachment contra a presidente numa clara mostra de vingança. E o pior que ninguém pudesse condená-lo quanto a isso, pois a presidente está tão atolada que se ela fosse cassada seria um serviço para nação, não fosse o fato de que o vice dela, que assumiria nesse caso, fosse tão raposa quanto ela, daquelas que nem boa parte do seu partido o apóia. O povo ficasse assustado, pois para onde se atirar está morto.
Já imaginou um país assim? Seria conhecida como Republica Federativa da Baderna e Roubalheira, mas na sua bandeira ostentaria com orgulho as palavras “Ordem e Progresso”, como se fosse uma lembrança de tudo o que os políticos daquele país não são.
Ainda bem que estávamos apenas brincando de imaginar e uma nação como essa não existe no mundo real, não tem como existir...Ou será que têm?