"APÓSTOLO DA JUSTIÇA SOCIAL".

“APÓSTOLO DA JUSTIÇA SOCIAL”.

Nenhum título de livro pode traduzir com mais justiça e realidade a vida de um “Apóstolo da Justiça Social”; Geraldo Bezerra de Menezes.

Uma caminhada às culminâncias da existência que deixa sementes fortalecidas pelo exemplo rareado em um mundo vivido entre dissipações e egoísmos. Com frutos multiplicados em filhos, netos e bisnetos, todos egressos de uma forja temperada pela vibração das energias das transcendências, ainda não explicadas pelo racionalismo, mas acreditadas pela fé. Só esses planos podem conceder a alguns o privilégio do enriquecimento das forças incomuns no sofrido “Vale de Lágrimas”.

Desse dom foi destinatário Geraldo Bezerra de Menezes. É preciso destacar essas personalidades para que se conheçam padrões esquecidos por um memorialismo falto e permeado de hiatos devedores ao que deve ser reverenciado. Desse passo, seu filho, nobre e emérito advogado, também jornalista, nos remete ao apossamento desses valores pelo sagrado ministério do exemplo.

Recebo esse repositório de ideias vanguardistas e criadoras então projetadas, das mãos do filho que leva seu nome, Geraldo Bezerra de Menezes, com adjetivação a mim destinada, em dedicatória lavrada pela amizade.

Não posso simplesmente ficar silente diante de apostolado do qual fui testemunha, tão necessário em nossos dias, abortados pelos desvios das notáveis e impositivas sinalizações. Assim nos chega a sinopse do pensamento do grande homem recolhido em coletânea pelo filho. Traz entre preciosidades, que passam pelo discurso das ciências até o acalanto na poesia, essa especiaria, fruto da fortuna das cerebrações de seu pai, que leio confortado:

“O Estado moderno é democrático, não por força de princípios simbólicos, mas sobretudo porque, elevando e dignificando o trabalho, reconhecido nele o elemento básico da vida em sociedade”.

O trabalho que realiza o homem em seu destino humano, ao lado do amor, guindado ao seu legítimo lugar por aquele que foi conhecido como um “fundador do direito do trabalho” no Brasil, baluarte incansável de situar no pódio da relevância o que de mais relevante existe para o homem, viver e sobreviver produzindo pelo suor de seu trabalho.

É prudente apontar ao homem a liberdade dada pelo Cristo como a grande alternativa de vida. Mas para ser livre, exercer suas faculdades, dons e direitos, o ser humano necessita de dignidade, como repetidamente acentuado, a dignidade assegurada em todos os Ordenamentos Fundamentais (Constituições) e precariamente efetivada. A dignidade que possibilita condição de sobrevivência justa e necessária, assegurados os meios notoriamente conhecidos para a realização do homem como pessoa, cidadão. Para tanto se impõe ter trabalho disponível, que pressupõe qualificação, que pressupõe educação, que pressupõe estrutura familiar adequada.

Esses são os elementos que pelo “Apostolado da Justiça Social” teve em Bezerra de Menezes um marco divisório de conquistas até então não alcançadas.

Desse centro irradiador de respeito e dignidade, o trabalho, nosso apóstolo, Geraldo Bezerra de Menezes, foi facho de luz intenso que pelas ordenações de uma fé cristã inabalável, concedida às grandes almas, soube compreender e a ele dedicar sua vida profissional.

O trabalho é o único meio de saída para aperfeiçoamento do homem que tem como base de sua estrutura a utilidade da vida.

Dos escólios de Geraldo Bezerra de Menezes, nos traz essa lapidação seu filho: “Os direitos de quem trabalha não podem estar à mercê de mudanças e modismos para atender aos interesses de quem dá emprego”.

Um recado vivo para os dias atuais quando “interesses” escusos extirpam empregos, desertificam o mercado de trabalho, sonegam as possibilidades de poder a juventude iniciar seus primeiros passos na lida produtiva, sepultada a esperança, jogada na vala comum o direito fundamental ao trabalho garantido, tudo em nome do interesse de grupos que sangram estatais, colocam em falência técnica empresa estatal que foi uma das primeiras do mundo.

Um apostolado que se erige no direito, na cristandade caridosa, na mais importante viga da nação politicamente organizada, sendo sua menor e mais importante célula, a família, pai que foi de família de 15 filhos com sua mulher Dona Odete, figurando no Guiness Book como única com esse número de filhos e terem todos os filhos nível universitário.

De sua doçura e afabilidade dá notícia comovente testemunho de sua filha Mônica, quando da doação de sua biblioteca para a Universidade Federal Fluminense, onde foi professor e Diretor da Faculdade de Direito, tendo sido meu mestre, me honrando após meu ingresso na magistratura com seus livros em meio a imerecidas homenagens por dedicatórias. Diz Mônica: “Por vezes sentia-me filha do homem público, com toda força e peso que seu nome trazia. Participei de inúmeras solenidades onde esse homem era exaltado por seus feitos, sua personalidade, suas obras. E eu como criança assustada pensava: Nossa, esse é meu pai!”

Sentia eu a mesma coisa, conheço esse lado do convívio com um pai famoso por sua dedicação ao humanismo. E continua Mônica: “Era estranho pensar que aquele homem que era tanto era o mesmo que brincava conosco, contava história, subia morro...nossa, quanto encantamento! Porém vinha a transformação. Trancava-se em seu escritório, ficava sério, distante e inteiramente absorvido, quase que misturado aos livros. Já tive muita inveja destes livros...”.

Comovente a descrição que me levou a um espelho similar. Nossos pais, nossos heróis e heróis de muitos, nunca heróis de lutas que separam, trazem cisões, mas paladinos e peregrinos dos direitos humanos fundamentais.

De seu livro “A Alma do Homem”, a razão de tanta luz agora rebrilhando na homenagem de seu estimado filho, Geraldo Bezerra de Menezes Filho: “Meu filho, ensina a teu filho o que teu pai te ensinou, repete o santo estribilho, foi Cristo que nos salvou”.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 04/12/2015
Código do texto: T5470168
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