VOLTAS E REVIRAVOLTAS DO VINIL

Dizem que o vinil está voltando mas não vi nada parecido por ai ainda. Mesmo que de fato haja, não creio que me interesse. Até porque tenho os meus daqueles tempos em que eram moda. Em algum lugar da minha escrivaninha no Recanto das Letras tenho um outro artigo sobre o vinil, os bolachões que nos deixam saudosistas tanto pelas canções que não são novas como pelo formato superado pelo Compact disc, CD, há mais de duas décadas. Tenho um equipamento de som que frequentemente me delicio com a aleatoriedade de páginas musicais. Elas me colocam em sintonia com o túnel do tempo.

Sempre associamos uma canção ou melodia a situações vividas em alguma época, com lembranças ótimas ou nem tanto, revivendo companhias, lugares, alegrando, entristecendo, refletindo. Ouça uma música que tem marcou e sinta isso, comprove o que escrevo aqui. Sábado último, eu ouvia um LP da dupla Poeta e Trovador, depois passei para Glen Miller, Em seguida o Trio Parada Dura, Atravessi pelo Roberto Carlos e cada uma destas audições vinha marcada por uma recordação própria, única e naturalmente enterrada em seu passado com datas diferentes. Para citar um exemplo, bem pessoal, quando ouço a música "A última canção", do Paulo Sérgio, morto em 1980, faço de imediato uma viagem mental para a cidade de Santo Antônio do Monte, MG, onde vivi minha infância, quando era comum de se ouvir essa música e outras do Roberto Carlos, Ronie Von entre outros, em rádios e vitrolas da época. Tempos clássicos como os vinis.

E como irradia alegria ouvir uma música que reflete o que você foi, viveu e com quem conviveu em outras épocas, sentindo-se bem em saber que ela e o único elo entre o hoje e ontem. Por isso, mantenho em casa meus vinis de ouro, para ouvir quando dá na cachola,. É agradável, muito agradável. Não quer dizer que o repertório atual seja dispensável, mas aquele antigo está lá para ser ouvido quando for para dar atenção a algo diferente, coisa boa, coisa da antiga, Nelson Ned, Paulo Sérgio, Clara Nunes, Martinho da Vila, Roberto Carlos, Biafra, Fafá de Belém e Cantores ainda na mídia. Alguns como Vinho de tonel, envelhecendo, já envelhecidos, outros como livros de uma estante empoeirada, mortos, mas todos vivos na memória de quem se ocupa em colocar a agulha da vitrola para funcionar, Alguém disse ou escreveu que recordar é viver e acho que é isso mesmo. Viver ao som de um saudoso vinil, em uma parte qualquer de casa, na solidão melodiosa das reminiscências. Outros tempos, O mesmo gosto, guardado e sacado para ocasiões especiais.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 04/12/2015
Reeditado em 04/12/2015
Código do texto: T5469592
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