A imprevisibilidade de uns casos

Nosso caso durou pouco, foi mais um da coleção. Na verdade, esse teve umas diferenças, e a palheta ainda guardo na capinha do celular para os que se interessarem por histórias de bar, enquanto o garçom não traz a próxima cerveja e eu fico mexendo na bolacha de copo. Então pode levantar o braço, ou tirar a garrafa dali, porque essa vai ser longa e talvez, como todos, você me julgue.

O conheci de forma sutil, eu observava sua guitarra elétrica quase que paralisada, estava concentrada demais para disfarçar os olhos estalados e a cabeça se movendo conforme os acordes variavam. Levantei o olhar e vi seu sorriso, estava bem aberto e reluzindo para mim, achei que fosse algo zombando da única pessoa trajada de jeans surrados, tênis-botinha, cabelo desleixada e maquiagem composta por rímel e batom, digo, eu. Portanto foquei seus olhos e ali me esqueci, esqueci do bom senso e me deixei sorrir, gostei dos olhos escuros focados. E quando abaixei o olhar mais uma vez, avistei sua aliança.

Ao fim do show, me aproximei enquanto ele não estava para observar de perto os instrumentos, e ele apareceu com um sorriso enlouquecedor, perguntando se eu havia gostado da setlist já que havia cantado calorosamente todas balançando o copo de cerveja de um lado para o outro. Elogiou o modo como me vestia, afinal, estva cansado de tietes sem-cérebro com salto agulha que se interessavam com sua jaqueta de couro cara.

Papo vai e papo vem, perguntei de sua aliança e me disse que estava em um transição de sua vida. Ok. Passe livre para flertar com o guitarrista que havia gostado de mim.

E a partir desse momento, o que posso dizer é que, aí se foram três semanas sem ninguém imaginar que o via, e na quarta, ele finalmente me contou sobre sua noiva. E ali se foi meu caso de aventura, fizemos coisas absurdas em pouco tempo, dançamos em cima de um palco totalmente bêbados, falamos sobre nossos relacionamentos antigos e ele riu quando mencionei a última pessoa com quem havia saído -era totalmente contrário a ele-. Mas após saber sobre ela, me afastei mais que cem por cento e ele continuava me ligando todas as noites, o encanto havia acabado, hoje guardo só a história do meu caso de meio de ano e claro, a palheta da primeira noite que ele me deu após me presentear com o beijo mais inesperado que já havia presenciado.

Porque no fim é sempre a mesma coisa, um ótimo relato sobre como uma garota "pouco-vivida" se relacionou com um guitarrista noivo em um meio tempo específico. A vida é bem imprevisível as vezes.

Classicisa
Enviado por Classicisa em 03/12/2015
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