Ele ainda me deve uma dança.
Quando o conheci, ele estava apaixonado por uma amiga, aliás, o conheci por conta dela. Sofria, era desesperado, sabia pouco da vida e a vida muito lhe custava.
Ele foi minha companhia em noites solitárias, me fez conhecer mil assuntos e mil mundos, e aprendeu sobre mundo devastados comigo, conheceu minhas histórias e acabou concordando que sou um tornado que chegou sem querer no mundo, pois absorvo muito de tudo e acabo expelindo de forma abrupta, porque tornados já foram ventos suaves de varanda. Ele dividia seus gostos comigo, compartilhava de minhas peculiaridades, e deitados ouvindo rock clássico, ele ria e planejávamos uma vida onde a amizade prevaleceria sem os poréns e os pontos e vírgula, porque ele sempre foi e sempre será minha conclusão e meu ponto final.
Ele se apaixonou, eu era a garota da vez, aquela que nunca se apegava, que brincava assim como todos já haviam feito, aquela que conciliava um caso de apenas outro caso. Eu estava dentro de seu coração, e as noites se tornaram sufocantes, os assuntos contornavam seu fascínio pela pessoa que tinha um coração duro, forte, e eu simplesmente não podia vê-lo sofrer por outro alguém.
O tempo acabou passando depois de muitos contos nas beiradas do nosso livro, e amor acabou ficando, por incrível que pareça. Os rock clássicos, os MPB, as conversas de madrugada e os abraços de três minutos permaneceram. E o tempo guardou consigo a dor da parte dele, o pedido onde o resultado se baseou lágrimas de ambas as partes acabou sendo apagado como se jamais tivesse existido. E hoje nós estamos longe, mas todos os dias perto, porque ele sempre será a pessoa que mais sabe sobre mim, e eu sempre guardarei seus abraços e seus segredos. Nem que seja às 4h da manhã, nem que seja até o dia em que ele finalmente dançar comigo.