Dezessete.

Dezessete, dez mais sete, dez e sete, um ano antes do "enfim independência", um ano depois do "Eu não tenho mais quinze, posso sair". Um número maldito para os que já se viam muito adiantados em quaisquer números, porque sempre tive "só quinze, só dezesseis", e adivinha... Tenho SÓ dezessete.

E já vivi tanto, já fiz tanta coisa que me assusta não poder compartilhar com o mundo que meras duas casas insignificantes não diz respeito à meu caráter, minha personalidade, sequer sobre minhas experiências.

Já fui tanta coisa, já fiz bem à tanta gente, brinquei, contei histórias, fiz histórias, animei em momentos difíceis, fui exatidão de felicidade, pico de êxtase. Mas também já fiz mal para muita gente, já neguei tantos pedidos, os de namoro, os de uma noite e os de um amor, e não porque sou má ou gostava de brincar com sentimentos, nada disso. Porém, porque sempre tive medo de quem já amou. Afinal, já amei, já sofri, e não me permito amar novamente, não me permito ser comparada com a ex namorada, com o ex caso, com a ex que aparecia apenas para satisfazer... E a menos que alguém me mude dos pés à cabeça, continuarei muito bem dessa forma, porque tenho SÓ dezessete. Já viajei muito, conheci muita gente, quase me apaixonei por um mexicano -mas isso é história para outro momento-, já conheci pessoas de todos os cantos do mundo e com elas discuti política e religião, já participei de histórias totalmente irracionais e já fui uma.

E com dezessete, já me droguei muito mais do que devia, já que acreditamos que a dopamina virá de algo quimicamente ilegal e a dor será anestesiada por destruidores que ingerimos. Já bebi muito, mais que o bom senso me deixe contar, fiz coisas consideradas erradas para a boa parcela social, e consideradas mal vistas pelo que chamamos de resto.

Hoje, ainda SÓ com dezessete, me vejo perdida em meio há tanta gente que já amou, já teve toda experiências em relação ao sexo oposto, e às banalidades, e que apesar de tudo, têm uma índole positiva porque passaram de duas ínfimas casas alegóricas. Agora escrevo o que jamais tive coragem de dizer, conto todo pavor sobre onde a vida está caminhando e espero largar as palavras para ouvir mais uma vez que "Não sei nada da vida, porque só tenho dezessete".

Classicisa
Enviado por Classicisa em 03/12/2015
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