Pátria, ou à deriva
Estou com viagem marcada pra Buenos Aires.
É uma boa, mas preocupa. Sair do Brasil sempre me deixa tenso e é estranho isso, pois se trata de um país inseguro, violento, preconceituoso, sem nenhum traço de lar – só que apesar de tudo isso é aqui que me sinto mais em casa, ainda.
Recordo uma tarde recente em Ezeiza; esperava o voo e olhando a pista, o avião que não pousava, pensava “tão longe e tão perto”. Nunca me senti tão isolado assim.
Quando retorno, em dias claros - daqueles que dá pra ver o solo pátrio - aí é aquele alívio geral.
Penso que é assim que todos expatriados se sentem, mas quem poderia tornar esse país tão mais acolhedor faz nada. E assim sofremos pelo que achamos correto sofrer, menos pela impossibilidade, pela impotência e mais pelo que sabemos que estamos a perder – assim mesmo, em português castiço – um país digno e multicor.