A Questão Do Snooze
Neste magnífico texto tentarei dissecar as problemáticas de um dos maiores fenómenos do século XXI: o snooze.
Para a infimidade de gente que não sabe o que é o snooze, passarei a explicar: o snooze trata-se daquele botãozinho no nosso despertador no qual se carrega para prolongar o nosso sono. Ou seja, quando o despertador é acionado à hora que nos devíamos levantar da cama, o snooze faz com que essa mesma hora se estenda por mais cinco ou dez minutos, por exemplo.
Agora, passaremos às graves consequências geradas pelo snooze. Primeiro, eu admito ser um praticante do snooze, e odeio-me a mim mesmo quando o faço. Segundo, é necessário perceber que há pessoas que praticam o snooze e outras que não praticam o snooze. Eu falarei daquelas que praticam.
Perceberemos agora um exemplo de um fenómeno de um snooze; o despertador toca, mas eu, sendo extremamente preguiçoso, faço aquilo que, em ciência se diz, o momento “só mais um bocadiiiiiiiiiiiiiiinho!”, ou então, o momento “eh pá, já voooooooooooou!”. Fica-se ali mais uns dez minutos. Porque será que isto acontece? Alguns poderão dizer que é pelo simples prazer de ficar mais um tempo na cama. Eu discordo. Para mim, esses dez minutos são extremamente incómodos, pois eu sei que me deveria levantar às sete da manhã e não às sete e dez. Simplesmente não consigo levantar os lençóis e cobertores, vestir-me e enfrentar mais um dia. Não consigo!
Pode-se dizer que nesses dez minutos estamos a ser uns gatunos, ou bandidos. É escusado dizer que estes dez minutos transformam-se em quinze, depois em vinte e, quando damos por nós, já são dez da manhã. Ahhhhhhhhhhhhh! O ódio!!! A raiva!!!
Bom, que acontece nesses dez minutos de preguiça? A esta questão terei de expor apenas o meu caso. O que acontece comigo é muito simples – nesses dez minutos estou a reflectir sobre o que tenho de fazer durante o dia. Penso no quanto seria bom se continuasse a dormir. Depois penso no quanto a vida é desagradável para mim e, finalmente, penso nas variadas formas de tirar a minha própria vida naquele momento (é engraçado, pois este é o mesmo pensamento que tenho antes de me deitar).
Penso, veneno. Não, não tenho veneno. Talvez me deva atirar pela janela. Ah não, pois eu não me quero levantar. Nesse momento, odeio-me a mim mesmo, odeio a minha vida e, especialmente, e quero frisar o especialmente, eu abomino o meu despertador. Aquele ruído que o meu e qualquer despertador faz torna-se o mais irritante nas nossas vidas. Aquele “ti-ti-ti-tiiiii-ti-ti-ti… uuuuuuuu… uuuuuuuuuu…”. Atenção, o uuuuuuu… uuuuuuuu…, trata-se daquela vibração irritante depois da melodiazinha estúpida.
Chega a hora em que uma pessoa acaba por se levantar, normalmente mal disposto e rabugento. Com pressa, pois estivemos tempo demais na cama. No meio do stress de estar atrasado, faz-se uma promessa com a nossa própria consciência. “Amanhã, prometo deitar-me mais cedo e levantar-me assim que o despertador tocar!” Mas todos nós sabemos que, tal como um bêbado, que diz que vai deixar de beber mas continua sempre a bater em tudo o que é poste de electricidade, nós continuaremos a pressionar o snooze.