Santo Aurélio
Prestes às comemorações dos 200 anos de Maceió, alguns eventos e homenagens começam a surgir em determinados pontos turísticos desta linda cidade. Na orla da Ponta Verde, as esculturas de Aurélio Buarque de Holanda e Graciliano Ramos têm chamado à atenção dos transeuntes, assim como os habituais caminhantes, turistas ou outros eventuais curiosos.
Hoje, na minha caminhada matinal, vejo ali uma cena inusitada, que também me chamou à atenção. Uma senhora ajoelhada diante da estátua de Aurélio Buarque fazia o sinal da cruz e ainda pronunciava algumas palavras, num gesto de oração. Alguns curiosos ficaram a observar a contrita senhora, querendo interpretar seu gesto, imaginando não conhecer o personagem ali representado na escultura. Um deles resolveu perguntar-lhe se conhecia aquela imagem a quem tanto reverenciava. E ela prontamente respondeu: “sei não meu senhor, porque não sou daqui.”
Bastou o tom da resposta e a sua conturbada aparência para percebermos que a mulher estava “chapada”, ou como se diz lá em Curitiba “cozida”, no sentido de bêbada. Não sabia ela que estava diante de um ilustre alagoano, aquele que virou sinônimo de dicionário, por ter produzido uma obra importantíssima para o nosso rico idioma português. Mas valeu a sua homenagem, tratando-o como “Santo Aurélio”.