Com a Bic na mão
Nada tenho contra quem escreve pensando exclusivamente no gosto dos seus possíveis leitores. É comum quem escrever focar nos assuntos do momento, especialmente nos temas polêmicos que estão sendo discutidos no país e no mundo.
Isso sempre aconteceu até com os grandes nomes das letras. Conan Doyle, por exemplo, o criadorde Sherlock Holmes dizia: "Com a pena na mão começo a compreender que a coisa tem que ser apresentada de modo a interessar o leitor". Ele tinha as suas razões e queria atender às expectativas do seu público alvo. Mas euzinho que não sou escritor, mas apenas um calçador de ticacas, quando estou com a Bic na mão (só escrevo à mão) nunca penso no que poderia intressar um raro leitor dos meus textos, mas sim noque me dá na telha. Se agradar a um eventual leitor, tudo bem, fico satisfeito; se não agradar e se a maltraçada for até ignorada, não me aborreço, aceito tranquilamente. A mim o que importa, acreditem, é só escrever. É dar vazão a esse vício que tenho de mesmo sendo um reles aprendiz de cozinheiro de continuar fazendo a minha rala e sem imaginação sopa de letrinhas, mas, confesso, fico não só satisfeito mas perplexo quando alguém toma uma colherada dela. É uma sopinha ruim paca. Feita, repito, por um caçador de ticacas que não pensa no paladar dos outros. Sou um caso perdido. Inté.