AS TRÊS DIMENSÕES DO AMOR (para Vanessa e Émerson (30.11.2015))
O padre que os casou, definiu as três dimensões do amor como tendo origem nos deuses gregos Eros, Filia e Ágape. Contudo, por puro atrevimento de escritor, defini o amor como “um contrato social de interesses convergentes” (O HOMEM DA ROSA, de Carlos Costa, Litteris Editora, 1998). Viver a dois, não é fácil, mas é plenamente possível, mesmo no mundo atual cheio de tecnologias e possibilidades de gerar ciúmes e desavenças entre um casal. Todo casamento passa por fases e, cada uma delas, ele se desgasta um pouco. Mas perseverar no amor, que na definição do filósofo grego Platão, seria “...a busca da beleza, da elevação em todos os níveis, o que não exclui a dimensão do corpo”,. Persistir na crença do amor e co casamento é preciso porque como o defini e continuo acreditando que quando duas pessoas se unem é porque existe entre elas o que chamei de “contrato social de interesses”, com o propósito de perpetuar as gerações, através dos filhos. Com emoção, retornei, 35 anos à Igreja de São Sebastião para prestigiar o casamento dos noivos Vanessa de Carvalho e Émerson Simão. Ela, filha dos aplicadores do Direito, Jéfferson Neves de Carvalho, do Ministério Público e de Ida Márcia Benayon de Carvalho, procuradora da Assembleia Legislativa do Estado. Ele filho de Ernani Nascimento Simão (in memorian) e de Líbia Corrêa Simão.
De paletó e gravata, com dor nos dedos do pé esquerdo, inchados devido a trombose que sofri no Hospital Santa Júlia, durante a terceira das 11 cirurgias no cérebro, desde 2006, cruzei a porta agora de vidro da que me recebeu em 1982, para casar com Maria Tereza Santos de Oliveira. Um ano antes, 1981, Yara Queiroz, entrara na mesma igreja e se casara com Ricardo Emanuel Pontes e Souza, tendo como padrinho o hoje prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. Da união que durou pouco mais de dois anos, nasceu a hoje psicóloga e cantora Bela Queiroz. Caminhava com dificuldades e lentamente. O carro ficara estacionado na área antes de paralelepípedos de borracha, na lateral do Teatro Amazonas. Cruzamos a Praça São Sebastião, enfeitada com motivos natalinos, atravessamos à Rua 10 de Julho em homenagem ao dia da libertação dos Escravos no Amazonas, três anos antes da Lei Áurea ser assinada e entramos na igreja, que ainda estava sendo ornamentada e por onde entraram os noivos.
No chão, chamou-me à atenção, uma área brilhosa, parecendo um grande espelho, que refletindo luzes de baixo para cima. No momento, estavam só refletindo as flores brancas colocadas à entrada dos bancos e os ramos verdes no corredor. Sobre o que poderia ser um provável espelho, meninas de branco entraram e jogaram pétalas de rosas. Dentro da Igreja fui cumprimentado pelo desembargador indicado pela OAB, João Simões, dizendo que parecia mais um judeu intelectual e achei divertido, mas como perdi meu lóbulo do humor, não sorri, apenas agradeci. Em um banco à frente cumprimentei o desembargador Aristóteles Thuri. Mas o achei muito diferente porque há vários anos não o via pessoalmente.
No meu casamento em 82, tive como padrinho Roberto Backsman, pai do então estudante de Direito e hoje delegado da Polícia Civil, Oto Backsman. O desembargador Azarias Menescal de Vasconcelos, todo de paletó branco e a médica Dulce Costa, como sempre muito elegante, a mãe adotiva e outras pessoas que não lembro mais, prestigiaram o casamento realizado pelo Frei Fulgêncio, que se escondia por trás de uma longa barba. Ao final da cerimônia, brincou: “eu só puxei a corda e você se enforcou sozinho”. Na época, sorri muito com a brincadeira do frei, muito divertido e brincalhão. A Igreja ainda não tinha porta de vidro e nem condicionador de ar, mas também não era quente. Durante a agradável missa, o padre se confessou incompetente definir o amor e citou estudo realizado pelo Papa Francisco, que teria achado a resposta a partir nos deuses gregos Eros, Filia e Ágape. A associação deles, definiria o que venha a ser o sentido literal do amor. A origem do amor dentro da filosofia grega como a junção de Eros, Filia e Agapé, também existe em um estudo de Elton Moreira Quadros (file:///C:/Users/Carlos/Downloads/10173-61595-1-PB.pdf ).
Deixamos a Igreja e seguimos da Igreja à festa de comemoração no Diamond Convention Center, na Estrada do Turismo no lado oposto da cidade. O local da recepção estava muito bem decorado. Fiquei sentado à mesa do advogado Índio do Brasil D´Urso Jacob e sua esposa Gilmara Souza. Estavam à mesa também um casal, cujo esposo tinha sido amigo de infância da família de minha esposa no Conjunto Uirapuru. Ele residia em um conjunto de casas antes, no Uirapuru. Relembrou que meu cunhado em sua adolescência era conhecido como por FMI – Feio, Metido e Inteligente. Hoje Rafael de Queiroz Neto, é procurador. Durante a festa, reencontrei pessoas que não os cumprimentava havia muitos anos, inclusive o tio da noiva Vanessa, o advogado David Benayon, o “Davizinho”, como me acostumei a chamá-lo, devido ao seu porte não tão grande e sempre vasta cabeleireira ainda toda negra.
Encerro essa crônica com um trecho que escrevi em na crônica VIVER A DOIS É UM CARRO EM MOVIMENTO, (http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2014/09/viver-como-e-um-casal-e-e-um-carro-em.html) que escrevi para homenagear minha esposa pelos nossos 17 anos de casados“VIVER A DOIS É COMO UM CARRO EM MOVIMENTO RODANDO EM UMA AUTOESTRADA BEM ASFALTADA: É PERIGOSA E SEMPRE EXIGIRÁ CUIDADO, ATENÇÃO E CORREÇÃO DE RUMOS, RESPEITANDO OS LIMITES DE VELOCIDADE E AS PLACAS DE SINALIZAÇÃO DE VELOCIDADE DA VIA. O CASAMENTO SEMPRE EXIGIRÁ CUIDADO, ATENÇÃO, FREANDO QUANDO NEESSÁRIO, CORRENDO QUANDO PERMITIDO E DEIXANDO A PASSAGEM DE OUTROS AUTOMÓVEIS. LEMBRANDO SEMPRE QUE O CARRO PODE QUEBRAR NA VIA, MAS O IMPORTANTE É CHEGAR A UM FINAL FELIZ, NÃO RECEBENDO MULTAS E COM TODOS OS PASSAGEIROS VIVOS!