O Mudo

Minha alma se perdia 
em mil interrogações...
Perguntas e respostas
eu mesmo construia,

Ilhado no meu peito,
noite após dia.
Cansei de ser personagem 
das minhas fantasias

E das fábulas 
que eu meu conduzia.
Encontrei num vilarejo,
de apenas uma via,

Uma praça, igreja centenária,
e histórias lendárias, 
um pequeno comércio 
que as ilusões supria.

Eis que descubro,
com alegria, 
entre tão poucos que me ouviam
um que me entendia.

A ausência de sons
devido a sua afasia, 
uniu-nos
em sintonia.

Bebemos e compartilhamos 
na tarde que morria,
sem palavras, com o coração,
doce e querida harmonia.

 
Roberto Gonçalves
RG
Enviado por RG em 30/11/2015
Código do texto: T5465766
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