O Mudo
Minha alma se perdia
em mil interrogações...
Perguntas e respostas
eu mesmo construia,
Ilhado no meu peito,
noite após dia.
Cansei de ser personagem
das minhas fantasias
E das fábulas
que eu meu conduzia.
Encontrei num vilarejo,
de apenas uma via,
Uma praça, igreja centenária,
e histórias lendárias,
um pequeno comércio
que as ilusões supria.
Eis que descubro,
com alegria,
entre tão poucos que me ouviam
um que me entendia.
A ausência de sons
devido a sua afasia,
uniu-nos
em sintonia.
Bebemos e compartilhamos
na tarde que morria,
sem palavras, com o coração,
doce e querida harmonia.
Roberto Gonçalves