Neném

Estava cercado, não tinha como escapar. Sabia que ops policiais não queriam prendê-lo, mas matá-lo. Só lhe restava dificultar o trabalho deles. Não sentia medo, sentia até alívio por não ter que sofrer torturas na cadeia. Sabia que chegara sua hora, fazia votos para que a outra vida fosse melhor que esta. Os policiais e alguns "justiceiros" foram chegando. O pequeno casebre onde se refugiara começou a ser bombardeado. A qualquer momento arromariam a porta e cumpririam a "missão". O adolescente ainda reagiu atirando e feriu um dos invasores, masforam chegando outros e mais outros, alguns armados até de metralhadoras.

Mas quem era esse adolescente? Apenas um dos filhos enjeitados do sistema capitalista. Não,, não conhecera os RolingStones, nem os Beatlers, nem Roberto Carlos. Seu tempo era outro, gostava das bandas, sobretudo das dançarinas seminuas. Seu sonho de consumo eram os tenis da moda, roupas de marca e todos os atrativos que são impingidos aos jovens pela mídia. Era um dos milhões de excluídos. Um marginal da sociedade, condenado à mi´seria, ao vício e à morte prematura.

Neném, este o seunome de guerra. Não conheceu o pai. A mãe, uma excluída, azinda vegetou algum tempo exercendfo a profissão mais antiga do mundo: puta. Depois da sua morte, o garoto ficou vagando pela casa de parentes até fixar residência nas ruas. Foi engraxate, falnelinha, vendedor de drops nos sinais de trânsito... Passou fome, frio e toda sorte de privação. Sem alternativas enveredou pelos meadros do mal, pelo caminho sem volta do vício. A cola ajudou-o a sonhar,inclusive com as dançarinas das bandas. Para conseguir comprar a cola começou a praticar pequenos furtos. Nadacomparado ao roubo dos graúdos, claro. Posteriormente trocou a cola pela maconha, e também evoluiu na deliquência passando a praticar assaltos. Foi o que bastou para virar inimigo número um da sociedade. Ainda anão completara 18 anos quando alguns graúdos dos negócios resolveram liquidá-lo. Decretaram pena de morte. Decidiram essa pena num jantar festivo de negócios e prescreveram a pena depois do licor e do cafezinho.Depois acionaram a polícia e os "justiiceiros".

O adolescente era procurado vivo ou morto, mas de preferência morto. Começou sua fase de foragido. Sabia o que o esperava. Mas não seentregaria. Morreria lutando.

Antes do desfecho da sua morte anunciada, assiitiu a uma passeata dos sem-terra. ASdiorava esse movimento porque eram pobres que lutavam por um pedaço de terra para viver e produzir. Mas não pode assitir a passeta toda porque avistou os policiais. Fugiu.

Scossado, refugiou-se num casebre de beira de estrada. Não tinha a quem pedir ajuda, aí rerecorreu a Deus, Jesus e Nossa Senhora, tentou rezar mas não conseguiu, nao sabia rezar, nunca ninguém lhe ensinara. Então pediu apenas paz, uma paz que não tivera na sua curta vida. Empunhou o revólver e preparou-se para enfrentar a tropa de choque.

Neném foi fuzilado por dezenas detiros, a maioria pelas costas, a justificativa dos policiais fora que "o meliante tentara fugir e então eles atiraram". Só não explicaram o motivo de tantos tiros. Antes de expirar Neném riu, é que avistou as dançarinas rebolando para ele.

A notícia do fim do perigoso marginal foi logo comunicada aos notáveis. Um deles, o mais cruel, recebeu a boanova ainda saindo da missa e com gosto hóstea na boca, riu alefgre e feliz, comerando. Não sabe esse traste que enquanto morre um Nenem aparecem mais mil. Nahora em que o araque de polícia e o catolicão fascisrta comemoravam, uma carrocinha de CD passou tocando uma música que tinha tuido a ver com o adolescente assassinado: "Tá relampiando, cadê Neném?/ Tá vendendo driops no sinal para alguém/ Tá relampiando, cadê Neném?/ Tá vendendo drops, tá vendendo drops no sinal...". Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 30/11/2015
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