Emanando maturidade

Ouvi dizer que você voltou para cá, li algo seu recentemente sobre como a vida não muda, tampouco as pessoas. E eu quase havia me esquecido de como você escrevia, de seu português impecável e suas ideias muito bem colocadas em papel, transfiguradas em meros caracteres vazios. Você tem estado em meus dias ultimamente, te contei que sou muito amiga de seu sobrinho? Pois é, novidade até para mim.

Ouvi dizer, também, que você finalmente se casou, com ela. E ainda me lembro de quando fiquei sabendo do noivado, uma das poucas vezes em que procurei desesperadamente chão e fôlego por choque instantâneo. Mas devo dizer, desde que você sumiu de meus dias as coisas(eu) ficaram quase irreconhecíveis, parei de ouvir Ray Charles, parei de usar aquele perfume que você gostava, dei um basta na gastronomia sofisticada que você insistia em me fazer conhecer, assim como naqueles filmes de tarde antes de encontrá-lo. Cresci, e como! Hoje, ao ver alguém com suas características - o que me tirava palavras, palpitações e suspiros - aprecio e apago, como o tempo escasso em que conheci suas facetas. Não me permito apegar como antes, não me perco em devaneios completamente ilusórios e não me busco em personagens perdidas. Portanto, até que evoluí por conta das marcas que você traçou, as quais foram ganhando profundidade com o tempo. Aprendi a manter certas relações, desde que me distanciei de certos pensamentos, fui amante de noivado, fui um caso, fui paixão platônica, fui ódio metamorfoseado em amor, fui receio de se apegar, fui desapego, fui página, fui história, fui saudade, fui início, fui meio e acabei permanecendo no fim. A índole dos que esbarrei diante do tempo percorrido, piorava à cada fim de trama, e a única diferença é que dessa vez não tinha uma trilha sonora, ou uma plateia para aplaudir o moço que se mantinha feliz quando as cortinas se fechavam.

E é como sempre dizem, se tudo passa, talvez você passe por aqui. Ou por mim no dia-a-dia, exalando felicidade enquanto se orgulha mostrando sua aliança (porque sei que sempre teve um ótimo gosto para jóias, e como sei!), no momento em que esbanjo minha liberdade que é o que ganhei e fiz ganhar forças quando aprendi a crescer. E devo ressaltar, sua linda não permite mais que façam dela apenas um rascunho, porque a melhor parte de uma obra sempre será a arte final.

Classicisa
Enviado por Classicisa em 29/11/2015
Reeditado em 29/11/2015
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