MUNDICO LENHADOR
Em Capinópolis, distrito de Águas Boas, lugarejo encravado lá no sopé da Serra da Mantiqueira, morava o Mundico Lenhador, a mulher Sinhá Gertrudes e uma penca de filhos, cada qual mais espevitado que o outro.
Mundico, logo cedinho, após um magro café com broa de fubá e queijo de coalho, atrelava seu cavalo “Ventania” à carroça e partia para o cerrado cortar lenha, tarefa sagrada de todo santo dia, lenha essa que vendia na feira de Capinópolis.
Certa ocasião vinha ele com o “Ventania” e sua carroça, quando numa curva da estrada deu de cara com um caminhão desgovernado, o qual bateu na lateral do pequeno veículo, jogando-o com a lenha, cavalo e tudo para fora da pista.
Pouco tempo depois vem um policial rodoviário, chega à carroça com o cavalo caído e, depois de examinar o pobre matungo, puxa do revolver e lhe sapeca dois tiros na cabeça, sacrificando o animal.
E m seguida vai até o Mundico Lenhador, estirado na grama e indaga:-
“- Mundico, seu cavalo “Ventania” estava muito mal e tive que sacrificá-lo com dois tiros. E você, como está você?...” – e o Mundico, pondo-se de pé , rapidinho:-
“- Eu tou ótimo, seu guarda! Ótimo!...”
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B.Hte., 29/11/15