SHAKESPEARE E KANT. O MAL E A "PAZ PERPÉTUA".

Soma o acervo de Shakespeare para o memorialismo verdade intransponível, quando ideologias se confundem com despropósitos nos propósitos.

"A MARCHA DO MAL SEMPRE É SEM TERMOS QUANDO DELE PARTICIPA O GOVERNO". Shakespeare.

Com o poder em mãos, o mal é sem termos, desmedido, catastrófico e avassalador.

Na equação insere-se o homem, sempre indisponível para sua missão humana, trabalhar e se colocar em prol do coletivo, em qualquer espaço de sua atuação, pública ou privada.

Um difícil difícil encontro situa-se na presença do despojamento humano, se fosse existente, sempre ausente. O egoísmo não permite a disponibilidade. A mecânica humana desenvolve-se com a impulsão do egoísmo, esse fator não permite realização de qualquer ideologia sadia como propósito coletivo.

Sobre essa “Paz Perpétua” a obra de Kant é irrespondível. Trago um pequeno trecho para abordagem de quem queira analisar.

“O poder executivo (governo) e o legislativo; o despotismo é o princípio da execução arbitrária pelo Estado de leis que ele a si mesmo deu, portanto a vontade pública é manejada pelo governante como sua vontade privada.

– Das três formas de Estado, a democracia é, no sentido próprio da palavra, necessariamente um despotismo, porque funda um poder executivo em que todos decidem sobre e, em todo o caso, também contra um (que, por conseguinte, não dá o seu consentimento), portanto todos, sem, no entanto serem todos que decidem – o que é uma contradição da vontade geral consigo mesma e com a liberdade.

Toda a forma de governo que não seja representativa é, em termos estritos, uma não forma, porque o legislador não pode ser ao mesmo tempo executor da sua vontade numa e mesma pessoa (como também a universal da premissa maior num silogismo não pode ser ao mesmo tempo a subsunção do particular na premissa menor);.... ao menos possível que adotem um modo de governo conforme com o espírito de um sistema representativo como, por exemplo, Frederico II ao dizer que ele era apenas o primeiro servidor do Estado, ao passo que a constituição democrática torna isso impossível porque todos querem ser soberano.

–Pode, pois, dizer-se: quanto mais reduzido é o pessoal do poder estatal (o número de dirigentes), tanto maior é a representação dos mesmos, tanto mais a constituição política se harmoniza com a possibilidade do republicanismo e pode esperar que, por fim, a ele chegue mediante reformas graduais. Por tal razão, chegar a esta única constituição plenamente jurídica é mais difícil ...... Muitas vezes se censuraram os altos títulos que, com frequência, se atribuem a um príncipe (os de ungido de Deus, administrador da vontade divina na Terra e representante seu) como adulações grosseiras e fraudulentas; mas parece-me que tais censuras são sem fundamento.

– Longe de tornarem arrogante o príncipe territorial, devem antes deprimi-lo no seu interior, se ele tiver entendimento (o que, no entanto, se deve pressupor) e pensar que recebeu um cargo demasiado grande para um homem, isto é, administrar o que de mais sagrado Deus tem sobre a Terra, o direito dos homens, e deve estar constantemente preocupado por se encontrar excessivamente próximo ..... de Deus.” Kant, In “Paz Perpétua”.

A filosofia não tem como influenciar políticas, embora assim pareça, bem como políticos, raramente, se embasam em filosofia, por um simples motivo, torna-se impossível tornar o coletivo realizado no direito legítimo de todos, o que quis a lei como instituto máximo, sem poder realizar.Vamos girando nessa roda cíclica fazendo o que esteja ao nosso alcance.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 28/11/2015
Reeditado em 28/11/2015
Código do texto: T5463468
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