Prenderam um senador...
O Senado vem sendo, durante toda a história da República (res publica), também lugar onde excessivamente se deseja o poder. Não só! Quando fiz o Curso de Direito, minha curiosidade chegou à conclusão de que não há crime sem um ou mais destes três motivos: sexo, dinheiro (bens) ou poder. Se algum estudioso da tipologia criminal encontrar delito ou crime sem essas motivações, ensine-me. Desejar riqueza ou poder é relativamente normal, mas a incitante e excitante ganância disso tem levado indivíduos à violação culpável da lei ou a terem vantagens em excesso, muito mais do que precisam e até por meios maquiavélicos...
Quando o historiador e culto em línguas ocidentais Professor Eduardo Hoornaert me ensinou a traduzir as Catilinárias, deu lições de cultura geral sobre o Senado Romano, sobre a etimologia das palavras naquele mais alto conselho de Estado da antiga Roma (SPQR). Explicou que 'senador' vem de "senex", significando "idoso, velho", persuadindo que os "senadores" deveriam ter idade de homens experientes, de honestos conselheiros da comunidade, daí vestidos de túnica branca, cuja cor de pureza os distinguiria, na via pública, como cidadãos dignos da vida política...
Dizia Aristóteles: "virtus in medio" (a virtude está no meio); não nos extremos , no equilíbrio das ações, das atitudes, o que é impossível à ambição por dinheiro, por poder, quando o "homem público" se elege mais para se servir do que para servir... Naquele tempo, a ética do estoicismo de Marco Aurélio e de Sêneca não convenceu o Senado; já havia "golpistas de plantão", contrários às causas populares, com armas sob as alvas para apunhalar César. E, gritando "democracia", deram-lhe 23 golpes de punhal... Hoje e agora, lê-se na imprensa que um Senador foi preso com consentimento dos seus pares. Tal regalia consente "liberdade" a muitos deles, desde os tempos do Império...