Madame Serpente

- E aí, cara, quais são as novidades? Continua "ferrolho", só degustando a comidinha caseira?

Sempre que se encontravam ele gozava o amigo, fazia o mesmo até na presença da esposa dele. Eram todos da mesma cidade. O sujeito que era gozado era incapaz mesmo de mijar fora do caco. Daí o espanto que causou a sua resposta:

- Nem te conto, bicho, pois não é que saí da dieta, piseina bola e estou até com a consciência pesada, mas ao mesmo tempo feliz. Só a você confesso porque sei que é incapaz de dar com a língua nos dentes. E se eu disser com quem fui para a cama, você vai ficar de queixo caído...

- Deixa de besteira, cara, conta outra. Você transando comoutra mulher. Era só o que faltava. Se fosse primeiro de abril tudo bem. Só se essa é uma mulher maravilha, uma bruxa, uma feiticeira. Vamos diz logo a primeira letra do nome dela.

- Foi...Foi a Madame Serpente, aquela viúva do militar que morapertinho daminha casa, aquela quevive pichandoa gente de comunista.

- Quem? Você tá me dizendo que comeu a Madame Serpente? Só pode ser mentira. Brincadeira tem hora. Aquela mulher tem ódio da gente.

- Exato. Mas... fomos para a cama. E vou te contar: é um mulherão. Um vulcão. Ainda estou zionzo, ela me deixou de olhos fundos...

- Pera aí, aquela dona direitona e mandona é boa de cama? Você tá me dizendo que ela é criativa, solta, , sensual, nos trinques, sem nenhum preconceito em relação ao sexo?!!!!!

- Palavra de honra. O militar era um sortudo, passava bem demais. Ele deve ter batido a caçulêta de tanto vadiar com aquele mulherão.

- Conta. Conta o babado todo. Com detalhes. Já disse o nome do santo agora conta o milagre todo.

- Você sabe que ela mora perto da minha casa. E de vez emqando a gente se estranhava na associação sdo bairro, ela me provocava me chamando de comusitão e eu respondia chamando-a de Madame Serpente. Depois paramos e quando nos crazávamos na rua era um cumprimento choco. Ela para me irritar botava hunos militares quqando eu passava na frente dqa casa dela. Essa dona costuma de manhão andar de bicileta, acho que anda vários quilometros, às vezes quandoela passava pedalando eu olhava para as coxas dela, bonitas, mas disfarçando, uma vez ela notou e estirou a língua para mim. Dia desses fui pegar o ônibus,ia ao banco tirar dinheiro e pagar umas contas, quando atravessei a rua aconteceu o acidente...

- Acidente?

- Sim, tenha calma. Acidente sim. Ela me atropelou com a bicicleta. Nada de grave, além do susto, só um arranhão na mão esquerda, saiu umpouqinho de sangue. Ela ficou muito aflita, solidária, me ajudou a levantar. E, pasme, fez questão de me levar à casa dela para fazer um curativo naminha mão. Fiqueimeio surpreso, mas fui. A casa é muioto aconchegante, tudo de bom gosto, quadros de originais de pintortes pernambucanos, móveis antigos, tapetes, mas tudo simples, nada de novo-rico, e, creia, nas eatantes todos os livros que nos gostamsos. Ela limpou commuioto cuidado o ferimentocom Água Rabelo e allgodão, botou Merthiolate, fez o curativo, e desopis rindo perguntou: - Seu Comunistão, gostou da minha porção enfermeira? Rimos, descontraídos. Ela fez outra pergunta: - Você aceita um copo d'água, um caféou uma limonada? Ora, eu vira no barzinho um litro de Chivas Regal, aquele uisque arretado dos ricos, já passara das onzwe horas, então declinei do oferecimento, dizendo: - Muito obrigado, Madame Serpente, mas eu prefiro, sefor possível, um gole daquele uisque ali - apotei para o uísque. Ela riu e disse: - Não tem problema, mas você vai ter que me pedir usando o meu verdadeiro nome, Gilda, igual a personagem do filme famoso, mostrou o poster na parede, que dizia "Nunca have´ra uma mulher como Gilda. Acrescentou: - Vai comunistãopedeo uísquefalando o meu nome. - Gilda, por favor, me traz uma dose de uísque Chivas. Ela trouxe o litro e um balde gelo, este não teve serventia, nem eu e nem ela gostamos de uisque com gelo. Tomamos uma, duas, três doses e ficamos ali conversando miolo de pote, ela contando as nossas brigas, como se divertia me xingando, que tinha me apanhado olhando as coxas dela... De repente botou no som um CD de Andrea Boticelli, a primeira musica foi Caruso, eu e ela gostamos paca dessa musica. Em dado momento pediu licença e voltou depsois de uns 20 minutos só de roupão, sem os óculos, tinha tomado banho, ainda estava com os cabelos molhadinhos, eu sabia que ela não estava usando nada por baixo, a gente intui essas coisas. Ela botou outro CD, Gal Costa cantando so sambas. Ficou ainda mais juntinho de mim, prstei atenção nela, era muitoparecida com Rita Haiworth. Ela rindo sussurrou no meu ouvido: - Ouvi dizer que você não come fora, só em casa, as pessoas comentam, eu nao acredito, acho que você tem vontade de variar o cardápio, nao tem seu comunistão? Era demais, não segurei a provocação, nos agarramos, nos beijamose rolamos no tapete, sem freios de qualquer espécie, ela me rebocou patra a cama do militar e fizemos uma festa. Repetimos, saí de lar molinho. Ela me disse que tem um caso com um advogado parente da família, mas o cara é muito lento e puritano. Nos despedimos com um beijo de cinema, saí normalmente, mas ela me disse que foi a última vez queentre na casa dela pela porta da frente, que de agora em diante vou entrar eloportão como um ladrão, que combiaremos tudo por telefone. Mais: que quansdo ela me convocar eu terei que chegar imediatamente porque ela não gosta de ficar subindo pelas paredes. Pode?

- Qume diria, logo você que era ferrolho. E você não tem medo que Narinha descubra?

- Vou te dizer, morro de medo, mas não posso deixar de viver esta aventura. Assim vou me arriscando, vale a pena.

- Eu jpa tô pe com inveja.

P.S. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais e mera coincidência. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/11/2015
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