Dois de Setembro

Era um velho de 90 anos mas vivo e bulindo, completamente lúcido. Estava espairecendo à notinha, como costumeiramente fazia, na varanda do seu apartamento. Ficava ali pensando na sua juventude, e sempre relembrava do seu primeiro e único amor, um amor frsutrado. Esse romance começara antes da partida dos pracinhas para a a Guerra na Itália.

Ele, àquela época, era apaixonado por uma moça do seu bairro, no Recife, um amor que começara muito antes do Brasil entrar na guerra. Era um amor de juventude. Os dois apaixonados haviam feito planos, incusive de casamento, noivaram, tinham certeza que nada os separaria. Mas aí veio a Guerra. Ele foi convocado. Ficou dividido entre o dever para com a pátria e a paixão pela noiva. Mas a sua amada foi compreensiva, jurou que o esperaria, que ele não duvidasse do amor dela. Ele então prometeu a ela que assim que retornasse casariam, seria uma festa de arromba. Num dois de setembro nublado e triste, na hora dele embarcar ela ratificou as promessas. Foi uma despedida dolorosa, mas cheia também de esperança e confiança mútua. De compromisso um com o outro. Ela ficou no caís acenando até o navio desparecer no horizonte.

A guerra se desenvolvia na Itália, ele lutava com destemor, só pensando na hora de voltar para os braços da amada. Nos momentos de descanso aproveitava para escrever cartas, enviar postais e retratos para ela. Mas, curiosamente, não recebia respostas. Culpava o serviço de comunicações. Era tempo de guerra. E não desesperava porque confiava no amor incondicional da sua amada. Era prego batido e ponta virada.

A guerra acabou. Ele voltou. Qual não foi a sua surpresa por não encontrar a amqada no porto a esperá-lo?!!!!!! Depois de esclarecidoque la resolvera romper o comromisso depois de alguns meses da sua partida, ele caiu em prostação. Doera demais, mas tocou a vida, não havia mais o que fazer, mas ficara um travo dentro de si, um desgosto eterno, que ele superou com muito esforço.

Ali na varanda, rememorando mais uma vez o episódio mais triste de sua vida, divagava falando para si próprio como se estivesse se dirigindo a ela:

- Veja, eu ainda recordo daquele dois de setembro, você me fitando nos olhos prometeu me esperar. Acreitei que suas palavras eram juras sagradas. Fiz meus castelos de areia sonhando com nosso casamento. Parti para a Itália completamente apaixonado e muito feliz. Quando voltei, depois da guerra, curti o maior dos desenganos. Todas as suas promessas eram falsas. Você anão teve paciência, cedeu à tentação, desprezando o meu coração. Mas, pensando bem, você atéme fez um favor. Sofri, sofridemais.Mas, graçasa Deus, não me entreguei totalmente à tristeza porque compreendi que você era uma daquelas mulheres que não sabem o que querem, sãocobais da fraqueza, são mulheres que nunca serãofelizes de verdade. "Confesso, eu ainda hoje lembro daquele dois de setembro...".

P.S. Baseada na música arretada, "Dois de Setembro", de Inaldo Vilarim,compositor pernambucano. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 26/11/2015
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