SEGUNDA CAVALGADA DA AMIZADE ( 03/09 a 06/09/2015)

Trajeto: Aparecida do Norte (SP) – Campos do Jordão (SP) – Pirangussu(MG)- Itajubá (MG)

Distancia total: 113 km

Este relato encontra-se um pouco atrasado temporalmente, mas permanece o que importa nos nossos corações.

Desta vez resolvemos levar os animais para o pátio da basilica e depois de rezarmos a missa partimos em direção a primeira parada.

Quem se lembra, ainda, do que o Padre falou na missa? Lembro-me de poucas palavras, uma pergunta, “Onde se encontra o “Pai Nosso”na Biblia? Eu respondi baixinho, no evangelho de Mateus, se ele ouvisse provavelmente daria os parabéns para um católico que conhece a biblia, ai teria que confessar que era um presbiteriano em plena basilica.

Discutimos algo, ou melhor conversamos, sobre isto na cavalgada, Manolo e eu, descobrimos que temos mais coisas em comum do que divergências (católicos e protestantes). Narciso também é um grande pensador sobre tudo este universo de coisas religiosas.

Cavalgamos, inicialmente, com um grupo de cavaleiros de Pouso Alegre, cavalos imponentes, cavaleiros elegantes, trajes de hipismo, cavalgada mista com damas de companheiras, apoio carral para as crianças. Mas na primeira parada, vimos que aquilo era mais fachada, pois tivemos que socorrer as crianças deles com os nossos pães com linguiça.

Surpreendeu-me a quantidade de cavalos que passaram desconforto nesta viagem, sem falar na passagem do cavalo que heroicamente ia substituindo os outros que aguavam, o Império. Quais as lições que podemos tirar disto? A marcha estava rápida para um terreno muito ingreme? Deviamos fazer mais paradas? Os cavalos não estavam preparados? Os dois animais do Narciso, que são de lida e o do Marquinho foram muito bem.

E o “Desejo”do Narciso, o cavalo branco, entenda-se bem, que trabalho deu, inclusive para mim que tinha que levar a égua amadrinhada toda vez que ele tinha que subir no cavalo e ainda aguentar os cavaleiros o tempo todo... DERMEVALLLLLL....

A trilha depois de Campos de Jordão, que coisa linda valeu todos os percalços, eu naquela jamanta da égua Jade, via os cavaleiros da frente quebrando o pescoço para passar debaixo de algum galho, eu tinha que deitar no arreio, se não ficava pendurado no galho.

Terceiro dia, eu sabiamente quis ser gentil com o Carlinho, ofereci para ir na camionete com o João e cedi a Jade para ele, o Narciso deve ter recebido alguma proposta de compra depois deste evento. Incomparável Jade.

Na Toyota fomos conversando, João falando do seu tempo de tropeiro, lembrou-se do Lambari o burro Madrinha, que não admitia que outro animal fosse arreiado antes dele, as vezes faziam isto por provocação e ele não admitia, mordia o burro e escoiceava o tropeiro. Contou-me como conduzia a tropa, tinha um grito, nas encruzilhadas, para virarem para esquerda e outro para a direita. Nas viagens de colheita de milho, com dois jacás em cada animal, os de trás roubava o milho do balaio da frente e como o Lambari não tinha ninguém a frente, tomava uma distancia e com um galope freiava bruscamente, caia um pouco de milho e aí ele roubava de sua própria carga.

Demos uma carona a uma menina muito simpática com um celular, na parte mais alta do morro, chamou o João de tio, disse que estava procurando sinal para falar no Celular. Fomos conversando, disse que queria fazer engenharia, levantava as 4:00 horas da manhã para pegar condução as 5:00 e ir para Itajubá fazer o terceiro colegial. Estudava inglês separado, quis ensinar uma técnica de memorização, mas a danadinha sabia tudo, não tinha computador na sua casa na roça, mas na cidade quando tinha que ficar para compromissos escolares aprendeu com os amigos a usar esta ferramenta. Falou que seu pai era muito bravo. Paramos na casa dela para fazer o almoço, tudo muito arrumado, como estávamos de camionete, tinhamos algum tempo a frente dos cavaleiros, deu para puxar prosa com a família. A mãe falando de outro filho, com moleza para estudar. Palavras dela, “você vai para a cidade, mas se perder tempo lá e não tirar notas boas, vai voltar para cá e trabalhar como peão para seu pai, vai fazer cerca, roçar pasto, tirar leite, que não dou moleza não. A vida é dura para quem é mole...Contou-nos este diálogo com o filho. Eu falei para ela,

- Eu ouvi falar que seu marido é muito bravo, se a senhora for a mansinha da familia nem quero conhecer o Marinho..- Ela deu uma gostosa risada.

Última parada na fazenda dos parentes do Marquinhos, a noite esconderam a botina do Carlinho, ele jurou vingança, prometendo não fazer nada para quem praticasse a delação premiada, quase entreguei o filho do Flávio Penna. Opa, acho que acabei entregando...Descurpa.

As noites, Narciso não deixava ninguem em paz, Manolo era a principal vitima, gostava de “Um dedo de Prosa” que lhe deu um tombo espetacular, o cara até piurueta no ar deu. Flávio falou “está em plena forma hein Manolo” - não entendi bem, forma de quê?

Na última resa da viagem pediram para eu puxar o “Pai Nosso”, preferi fazer uma pequena reflexão...

Será que alguém ainda se lembra dela?

Falei de um tio que havia perdido, por problemas financeiros, uma fazenda linda como aquela e que no fundo do vale do seu desespero ele lembrava daquele versículo de Salmos:

Elevo os meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro....(Estávamos rodeados das montanhas de Minas). Aparentemente a resposta não veio. Perdeu a fazenda, que era pequena para herança de muitos filhos, mas diante da nova circunstancia os filhos foram a luta e se prepararam para a nova realidade, estando todos bem hoje.

Continuando, falei que diante da situação que o Brasil se encontra muitos dos nossos poderiam estar passando por situações de desesperanças, que ficava então, esta mensagem, que deviamos pedir para Quem de Direito e que deviamos entender as respostas que viriam.

No último ato da cavalgada, um almoço fantástico na Fazenda cinematográfica do Prof. Alexandre, conhecemos sua simpatica familia e desafiamos o seu genro, novato para ser companheiro na próxima, sob a proteção do futuro presidente da cavalgada, seu sogro.

Marcas que ficam, não saímos impunes de uma cavalgada, o que dizer de um amigo, que oferece sua melhor montaria e corre risco com outra bem mais arisca para que eu pudesse ir. A gentileza do Eduardo ao ver minha dificuldade para subir naquela montanha. O João transmitindo tanta experiência e enchendo-me de fatos para contos futuros. Emirso com seu cavalo sacrificado, Ronaldo, Alexandre e Flavio dando lições graciosas para quem se interessar por Mangalargas. Papos bons com Marquinhos e Manolo e outros...

Até a próxima rapaziada!

Defranco
Enviado por Defranco em 25/11/2015
Código do texto: T5460483
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